iPhone já tem emojis raciais, casais gay e bandeira de Portugal
A promessa do CEO Tim Cook de aumentar a diversidade na Apple já chegou aos famosos emojis do iPhone. A nova versão do sistema operativo móvel, iOS 8.3, acaba de ser disponibilizada com uma novidade muito antecipada: o teclado oferece agora figuras com seis tons de pele, famílias alternativas, como um casal de lésbicas com uma filha, e mais 32 bandeiras, incluindo a de Portugal. Os emojis são símbolos pictográficos usados para expressar ou reforçar emoções em mensagens.
Até aqui, as opções estavam limitadas a uma versão muito caucasiana e tradicional - bebés loiros, meninas com olhos azuis e casais heterossexuais. De 800 emojis que existiam, praticamente nenhum representava raças diferentes ou famílias alternativas, algo que motivou mesmo uma petição para tornar as imagens que demonstram emoções menos racistas. Agora, há 300 novas figuras.
As alterações planeadas pela Apple foram conhecidas em fevereiro, quando os programadores receberam a versão beta não só do novo iOS mas também do OS X 10.10.3, que já foi disponibilizado e inclui a novidade. Na altura, houve alguns protestos por parte dos consumidores asiáticos, que criticaram a Apple por fazer emojis desta etnia tão amarelos que parecem bonecos dos Simpsons.
Mas o processo não é assim tão simples. A alteração nos emojis resulta de negociações que a Apple teve em 2014 com o Unicode Consortium, que é responsável pelo standard das figuras. Os emojis foram criados precisamente na Ásia, em 1999, para os telemóveis japoneses; a palavra vem do japonês, sendo a junção de imagem (e), escrita (mo) e carácter (ji).
"Estes caracteres são baseados nos seis tons de pele da escala de Fitzpatrick, um reconhecido standard para a dermatologia", lê--se no documento do Unicode Consortium. "Os tons exatos poderão variar conforme as implementações."
Serão amarelos diferentes quando chegarem ao Android? Esta renovação em massa introduz não apenas caras mas também mãos com todo o tipo de gestos e até pais natais com novos tons de pele, que o utilizador pode escolher pressionando por um segundo o botão do ícone correspondente.
O que nunca chegou foi o emoji com o dedo do meio levantado. Esta é uma das opções que constam da renovação que o Unicode Consortium fez em junho de 2014 e que adicionou um batalhão de novos emojis, incluindo um com o dedo do meio e um pimento a fumegar. A Apple escolheu os símbolos que queria oferecer e, para gáudio dos fãs de Star Trek - Caminho das Estrelas, a saudação dos humanoides Vulcan é um deles.
Coelhinhas sexy ofensivas?
Outro aspeto engraçado é descobrir que a dupla de dançarinas que já aparecia no teclado foi inspirada nas coelhinhas da Playboy; no Twitter, a conta Emojipedia notou com graça que "as orelhas de coelho aumentaram 200% de tamanho no iOS 8.3." A Quartz refere que as dançarinas também estão agora mais esbeltas e numa pose mais sexy, o que pode gerar novas críticas pela "objetificação" dos desenhos femininos.
Quem fizer a atualização para o iOS 8.3 também terá outras novidades. A nova versão introduz mudanças na ligação ao CarPlay (sistema para carros) que agora permite aos utilizadores conectarem os seus telefones ao sistema de bordo de forma wireless. Também introduz uma alteração na adição de contas Google protegidas por fator de autenticação em dois passos e uma nova tecla para itálico e que permite sublinhar no modo horizontal.
Apple não é pioneira
A introdução desta diversidade no iOS é muito relevante pela popularidade do iPhone (e do iPad) e pela importância da marca, que em breve terá outro aparelho para mostrar os emojis - o Apple Watch.
Mas a Apple não é totalmente pioneira neste campo. No ano passado, a Oju Africa, uma divisão da fabricante Mi-Fone, lançou o primeiro conjunto de emojis negros, inicialmente desenhados para o Android. A discussão já vinha, no entanto, de trás: em dezembro de 2012, a polémica cantora Miley Cyrus fez circular no Twitter uma hashtag para mudar estes símbolos, #EmojiEthnicity Update (atualização da etnicidade dos emojis).
Para o CEO da Apple, no entanto, a mudança mais importante talvez seja a das famílias alternativas. Tim Cook assumiu a sua orientação sexual em outubro de 2014, algo muito pouco comum em empresas com a dimensão da Apple.
"Tenho orgulho em ser gay, e considero que foi uma das maiores dádivas que Deus me deu", escreveu o executivo da empresa, num artigo de opinião publicado pela BusinessWeek. Uns meses antes, a Apple tinha publicado o seu primeiro relatório de diversidade, que mostrou que ainda há muito trabalho a fazer. Só nos Estados Unidos, 70% dos seus empregados são homens e 55% são caucasianos, deixando pouco espaço para as mulheres e outras etnias.
"Estamos a fazer progressos, e estamos determinados em ser tão inovadores no avanço da diversidade como somos no desenvolvimento dos nossos produtos", comentou então Tim Cook.