Julgamento. Fazendeiros são os grandes derrotados e fizeram ameaças .Maioria dos juízes votou a favor dos indígenas mas sentença foi adiada.A sentença até pode ter sido adiada. Mas os índios da reserva da Raposa da Serra do Sol já cantam vitória. Após dois anos de duelo judicial, a maioria dos juízes do Supremo Tribunal brasileiro deu razão aos indígenas que reclamam o direito ancestral sobre aquele território na floresta da Amazónia..Oito dos 12 juízes do Supremo confirmaram a decisão do Presidente Lula da Silva que prevê a não-divisão da reserva da Raposa da Serra Sol, em prejuízo dos interesses dos fazendeiros que reclamavam o direito à terra. O julgamento foi adiado, a pedido de um dos juízes. Mas, porque falta apenas pronunciar-se três membros do Supremo, o desfecho parece estar selado..Essa parece ser a convicção da advogada dos índios da Raposa, Joênia Wapichana, que à saída da audiência disse: "Os ministros estudaram e pronunciaram-se pela constitucionalidade do reconhecimento da Raposa Serra do Sol.".A autoridades estaduais e os agricultores, que exigiam a partilha do território, ficaram desagradados com a decisão. A confirmar-se a sentença, eles serão obrigados a abandonar as suas fazendas. À saída do tribunal, os derrotados fizeram várias ameaças aos indígenas, segundo um repórter da BBC. Em Maio, dez índios ficaram feridos num ataque à bomba que se diz ter sido ordenado por um dos chamados arrozeiros..Os juízes que votaram favoravelmente consideraram que a demarcação contínua é essencial para os índios manterem o seu modo tradicional de vida. Mas estabeleceram uma série de reservas - como o direito de acesso da polícia e do exército ao território e a necessidade de autorização do Congresso federal para exploração dos recursos naturais na região - em nome da soberania de Brasília sobre esses territórios. .A sentença deverá ser votada no início do próximo ano e vai servir de modelo para dezenas de outros litígios que correm no Supremo brasileiro opondo indígenas e agricultores. Segundo dados oficiais, 11% do território do Brasil e quase um quatro da floresta da Amazónia estão nas mãos dos indígenas.