Hipersensibilidade aos metais

Tatuagens, <i>piercings</i> e próteses metálicas podem provocar reacções alérgicas. O teste Melisa, normalmente efectuado no âmbito das terapias complementares, permite analisar a hipersensibilidade aos metais e evitar sintomas que podem ir da simples cefaleia à depressão.<br /><br />
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Corantes incrustados na pele
A decisão de tatuar no corpo uma imagem, símbolo ou palavra não é tomada de ânimo leve. Há como que um debate interno entre a antecipação da dor que o acto provoca e a vontade de marcar na carne uma mensagem. Até que um «é agora ou nunca» se impõe e a viagem até à loja torna-se irreversível. Sofre-se, grita-se, transpira-se, coloca-se uma pomada para atenuar o incómodo da cicatrização para, no final do processo, mostrar-se heroicamente ao mundo a bela ou belas imagens que o corpo ostenta.
Aparentemente, tudo correu bem. Porém, o contacto dos metais com os diferentes tecidos do organismo pode desencadear processos de hipersensibilidade em indivíduos que já tenham essa predisposição a nível genético. Isto porque a maioria dos pigmentos ou corantes utilizados nas tatuagens são sais de produtos metálicos que ficam incrustados na pele. Por exemplo, o verde é óxido de cromo; a púrpura, sais de magnésio; o azul, sais de cobalto; o branco, sais de titânio, silício e cálcio; o amarelo, óxido de cádmio e o vermelho, sulfato de mercúrio.

Impregnação permanente
O que acontece é que os pigmentos utilizados nas tatuagens são absorvidos pelos macrógafos (células de grandes dimensões que reagem a elementos estranhos ao corpo) e passam ao sistema linfático e sangue onde podem provocar o processo de hipersensibilização tipo IV, isto é, alergia a metais. O que pode manifestar-se através de cefaleias, enxaquecas, depressões, insónias, fadiga crónica, nevralgias, artralgias (sintomatologia dolorosa nas articulações) e parestesias (sensações cutâneas). Há uma outra moda aparentemente inócua, que desencadeia o mesmo tipo de reacção: os piercings. Colocados, para muitos observadores de forma arrepiante, em diferentes partes no corpo, tipo língua, orelhas, umbigo e mamilos, entre muitos outros, os metais desses implantes podem ser absorvidos pelo organismo constituindo-se numa fonte potencial de permanente impregnação. Mas há outros pólos de contaminação, como os dispositivos intra-uterinos (DIU), as amálgamas e implantes dentários e as próteses metálicas.

Quando as próteses oxidam
Os dispositivos intra-uterinos colocados no interior do útero para evitar a gravidez são feitos de material plástico com um fio de metal incorporado, normalmente de cobre, embora também possam ser de aço, prata ou ouro ou até uma combinação destes. Ao permanecer no interior do organismo entre dois e cinco anos, o dispositivo liberta metais para os tecidos, podendo causar hipersensibilidade a essas substâncias e alergias. O mesmo pode acontecer na sequência da utilização de materiais metálicos de placas, parafusos e próteses (principalmente da anca) que se utilizam na correcção de fracturas. Se não houver oxidações tudo decorrerá normalmente, mas se o metal oxidar pode ligar-se às proteínas dos tecidos adjacentes e provocar igualmente alergias. Também as pessoas com reconstruções dentárias à base de metais podem desencadear processos de hipersensibilidade.

Identificar a reacção aos metais
A alergia a metais está associada a várias patologias, como esclerose múltipla, fibromialgia, lúpus eritematoso, eczema-psoríase, síndrome de fadiga crónica, artrite reumatóide, autismo e à sensação de queimadura ou de prurido oral, entre outras. A prevenção e tratamento da hipersensibilidade a metais é, por isso, considerada pelos especialistas uma prioridade. Principalmente, para pessoas com amálgamas dentárias, pontes, próteses metálicas, placas ou parafusos de operações, tatuagens ou piercings que apresentem os sintomas acima descritos. Com uma simples e rápida extracção de sangue, o teste Melisa pode identificar a causa de uma reacção nociva para a saúde desencadeada por diferentes materiais utilizados pelo ser humano. O teste Melisa mede de forma objectiva a proliferação dos linfócitos (grupo de glóbulos brancos do sangue, principais intervenientes na imunidade celular) de memória – um sinal inequívoco de uma reacção imunológica específica. Estes linfócitos memorizaram contactos anteriores com vários metais ou antigénios, daí a estimulação proliferar quando são expostos ao mesmo metal que se junta à cultura celular.

Vacinas com mercúrio
Além dos casos em que a presença de metais em contacto directo com o corpo pode provocar reacções alérgicas, há também que ter em conta que a maioria das vacinas utiliza o timerosal, como conservante, que é um sal orgânico de mercúrio. Esta substância pode potenciar o agravamento dos sintomas relacionados a diversas patologias em pessoas que lhe sejam sensíveis. Neste caso, o teste Melisa é igualmente um recurso a que os pais podem recorrer para saber se os filhos são alérgicos ao timerosal ou outros aditivos das vacinas com alumínio. Felizmente, de acordo com estudos sobre a matéria, está a aumentar de forma significativa a oferta de vacinas pediátricas que não contêm timerosal. O teste Melisa foi desenvolvido pela investigadora sueca Vera Stejskal.

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