Habitantes de Caracas correm às lojas com medo

Habitantes de Caracas afluíram hoje aos supermercados da capital venezuelana para fazer compras extra, na sequência de rumores sobre o agravamento da saúde do Presidente Hugo Chávez e de falsas notícias de violência e pilhagens.
Publicado a
Atualizado a

"Só amanhã [sábado] é que previa fazer as compras da quinzena, mas telefonaram-me a dizer que havia pilhagens no centro da cidade e em Petare (leste de Caracas). Estou a comprar um pouco mais de enlatados, arroz, farinha e massa, para o caso de que algo aconteça e não possa sair de casa", disse à Lusa uma portuguesa.

Manuela Coutinho era apenas uma das clientes do supermercado Luvebras, em La Florida (centro-leste de Caracas), que hoje conseguiu comprar azeite e açúcar, "produtos que não são fáceis de conseguir", mas que estavam disponíveis num máximo de dois litros e quatro quilogramas respetivamente por pessoa.

Enquanto esperava para pagar, a venezuelana Deyanira Sanchez foi alertada telefonicamente sobre os rumores de violência por um familiar, que lhe recomendou "comprar rapidamente e regressar a casa", enquanto vários empregados do supermercado insistiam em voz alta que a situação no centro da cidade era normal.

Alguns comerciantes de La Candelária (centro de Caracas) disseram telefonicamente à Agência Lusa que chegaram a encerrar durante um breve período os seus negócios, porque os rumores de pilhagens eram tão intensos que temeram que algo estivesse a acontecer.

"Aqui perto a polícia enfrentou uns delinquentes e ouviram-se tiros, o que fez aumentar o temor das pessoas", descreveu um comerciante.

As autoridades já reagiram aos rumores, apelando aos cidadãos para manterem a calma e a não acreditarem em rumores que se expandiram rapidamente através das redes sociais e das mensagens de telemóveis.

"Deixem quieto o povo venezuelano que tem passado todos estes dias, semanas e meses, com uma postura e um civismo extraordinário. O povo tem direito a continuar a construir a pátria num clima de tranquilidade, de entusiasmo, solidariedade e amor com o comandante (Hugo) Chávez", disse o ministro de Informação e Comunicação.

Ernesto Viegas disse que "o Presidente Hugo Chávez está num processo de recuperação", acompanhado pela sua família.

Por outro lado, o vice-Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, acusou os opositores do Governo de motivar os rumores, ao mesmo tempo que pediu aos "revolucionários" para confiar nas informações do executivo e não dar eco a dados não confirmados.

"Ao nosso povo dizemos: pés na terra. Perante os rumores, fortaleza revolucionária, confiança e unidade", disse.

Reeleito a 07 de outubro para um terceiro mandato presidencial, Hugo Chávez, 58 anos, viajou a 10 de dezembro de 2012 para Havana para se submeter a uma operação a um cancro que lhe foi detetado pela primeira vez em junho de 2011.

A 10 de janeiro deveria tomar posse para um novo mandato, mas não se apresentou em Caracas por se encontrar em Cuba a convalescer da sua quarta operação.

Há 10 dias regressou à Venezuela onde, segundo as autoridades, permanece internado no Hospital Militar, em tratamento para melhorar de uma insuficiência respiratória ocasionada por uma infeção pulmonar surgida no pós-operatório, que o obriga a respirar por um tubo na traqueia.

Chávez, no poder desde 1999, não aparece em público desde o passado dia 10 de dezembro.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt