Gulbenkian: Ativos totais da Fundação somaram 3.000 ME em 2017

A Fundação Calouste Gulbenkian, instituição portuguesa de direito privado e utilidade pública estatutariamente vocacionada para a beneficência, arte, educação e ciência, encerrou 2017 com um ativo próximo dos 3.000 milhões de euros, mais 1,4% do que em 2016.
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"O retorno total dos investimentos, combinado com uma política continuada de contenção e flexibilização dos custos de funcionamento da Fundação, permitiu atingir ativos totais em 31 de dezembro de 2017 de cerca de três mil milhões de euros [2.925,6 milhões de euros], valor que representa um acréscimo de 1,4% em relação a 2016", lê-se na mensagem da presidente no Relatório e Contas de 2017, o mais recente disponível atualmente.

Segundo Isabel Mota, "em 2017, o bom desempenho dos mercados financeiros internacionais, aliado a uma gestão profissional, permitiu que a carteira de investimentos da Fundação tivesse um retorno de 9,6%", enquanto os ativos petrolíferos detidos através da Partex Oil & Gas "beneficiaram da recuperação progressiva do preço do petróleo, proporcionando bons resultados operacionais".

De acordo com os dados disponibilizados no Relatório e Contas de 2017, para o ativo da Fundação contribuem "dois agregados fundamentais": os ativos financeiros, com um valor de 2.409,9 milhões de euros, correspondentes à carteira de investimentos da instituição e que aumentaram 165,0 milhões de euros (+7,3%) face a 2016; e os ativos petrolíferos, detidos através da Partex Holding B.V., no valor de 457,0 milhões de euros, registados em balanço na rubrica de "ativos não correntes detidos para venda" porque é intenção da Gulbenkian alienar a petrolífera.

Fundada em 1939 por Calouste Gulbenkian, a Partex detém participações minoritárias em projetos de gás em Abu Dhabi e em Omã e posições no campo petrolífero de Dunga, no Cazaquistão, no bloco 17/06, em Angola, e nas bacias de Potiguar e Sergipe-Alagoas, no Brasil, tendo em 2018 registado receitas de 423 milhões de dólares (mais de 370 milhões de euros).

Em meados de fevereiro de 2018, a venda da Partex ao grupo chinês CEFC Energy chegou mesmo a ser avançada, num negócio que poderia ascender a 500 milhões de euros, mas cerca de dois meses depois a Fundação decidiu pôr termo às negociações em curso devido às suspeitas entretanto surgidas em torno da empresa chinesa.

Ainda assim, a Gulbenkian garantiu manter-se "inalterada a sua opção estratégica" de venda deste ativo -- justificada com "a nova matriz energética e os seus objetivos em prol da sustentabilidade, na linha do movimento internacional seguido por outras fundações" -assumindo que não desistirá de tentar nova venda a outra entidade.

Em meados de fevereiro deste ano, o presidente executivo da Partex, António Costa Silva, apontou como objetivo concluir a venda da petrolífera até ao final de junho, adiantando haver "mais de três interessados", todos eles "companhias internacionais muito reputadas".

O Relatório e Contas de 2017 da Fundação aponta que o Fundo de Capital da Gulbenkian atingiu nesse ano os 2.616,1 milhões de euros (correspondentes a 89,4% do valor do ativo), um acréscimo de 83,4 milhões de euros (+3,3%) face ao ano anterior justificado pelo resultado positivo de 169,5 milhões de euros para ali transferido (que compara com 84,4 milhões de euros em 2016) e pela redução de 86,0 milhões de euros da rubrica de reservas.

O custo total com as atividades da Fundação, líquido de receitas geradas (com edições, bilheteiras, comparticipações recebidas e outras), foi em 2017 de 95,9 milhões de euros, sendo que os recursos afetos à atividade desenvolvida pela Gulbenkian (nomeadamente em atividades de filantropia, contribuições para as comunidades arménias, orquestra, museu, biblioteca de arte, instituto de investigação e delegações no Reino Unido e em França) atingiram os 67,2 milhões de euros (66,5 milhões de euros em 2016).

Criada em 1956 por testamento de Calouste Sarkis Gulbenkian, filantropo de origem arménia que viveu em Lisboa entre 1942 e 1955, a Fundação tem sede em Lisboa e dispõe de um museu (que alberga a coleção particular do fundador e uma coleção de arte moderna e contemporânea); de uma orquestra e de um coro; de uma biblioteca de arte e de um arquivo; de vários auditórios, salas de espetáculos e de congressos; de uma delegação no Reino Unido e outra em França; de um instituto de investigação científica de um jardim considerado um espaço único da cidade de Lisboa, onde promove atividades educativas, culturais e artísticas.

Para o período de 2018-2022 a Fundação definiu três domínios de atuação prioritários - a coesão e integração social, a sustentabilidade e o conhecimento - que se têm vindo a refletir transversalmente em toda a sua estratégia de intervenção.

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