"Os jovens estão a fazer por estar com o Papa. Vamo-nos apresentar à sua porta. Até pode ser que haja surpresas!", diz Filipa Lemos, entusiasmada com a possibilidade de Bento XVI aparecer à janela da Nunciatura, onde os mais novos se vão juntar para cantar e rezar à noite. A rapariga de 20 anos, da Companhia de Jesus, responde assim ao facto de a visita oficial em Maio não incluir um tempo específico com os mais novos e apela a que milhares de jovens se juntem ao programa organizado pelos três movimentos da Igreja que seguirão o Papa de Lisboa até Fátima.."Estamos à espera de todos", acrescenta Pedro Rocha e Melo, 19 anos, do Movimento de Schoenstatt, outro grupo envolvido na proposta destinada a todos os que têm entre15 e 30 anos. O programa foi ontem apresentado pelos jovens numa conferência de imprensa, nas Docas, em Alcântara, e inclui uma marcha pela Avenida da Liberdade em Lisboa e lugar reservado junto ao Papa na missa no Terreiro do Paço. Depois da cerimónia, haverá animação e oração nas ruas durante a hora de jantar do Papa, junto à Nunciatura Apostólica, onde este vai dormir. .No fim da noite, sairão de autocarro com destino à Batalha. Aí será a grande concentração com jovens vindos de todo o País que seguirão a pé até ao santuário de Fátima na manhã seguinte, para se juntarem ao Chefe da Igreja no final do dia. Após a procissão das velas e a missa, os que quiserem podem pernoitar em Fátima e assistir às cerimónias do 13 de Maio..João Valentim, responsável nacional das Equipas de Jovens de Nossa Senhora, outro movimento envolvido na organização, explicou que as inscrições para os vários momentos devem ser feitas no site www.eu-acredito.net, e podem incluir todo o programa ou só apenas algumas das iniciativas..O slogan do programa, "unificador e com power", como considera Filipa Lemos, pretende expressar a unidade da Igreja e afirmar a comunhão entre os jovens, explica o padre José Miguel Pereira, da pastoral das vocações, sublinhando que todos se podem inscrever ."Ser parte da Igreja hoje é difícil e muito exigente. Mas queremos estar ligados às coisas que nos fazem bem. E sei que a proposta de Jesus faz-me feliz", explica a estudante do terceiro ano de Direito, criada numa família católica e na espiritualidade dos jesuítas. ."Para muitas pessoas somos um ponto de interrogação, somos vistos como totós. Mas sabemos que nem tudo o que o mundo propõe é o que nos faz melhor", acrescenta, com um sorriso, João Valentim, que acabou há pouco tempo o mestrado em Gestão. "Acredito que muitos jovens se afastam da Igreja porque têm uma imagem errada", diz o líder do movimento que agrega mil jovens no País..Pedro Rocha e Melo, estudante de economia e jogador de râguebi do Belenenses, diz que nem sempre os amigos fora do movimento compreendem as suas opções de fé. "Mas aceitam, e não julgam. Às vezes, até consigo trazer alguns!"