Governo recebeu ameaças antes dos ataques de Breivik

O governo norueguês recebeu uma chamada telefónica com mensagens ameaçadoras alguns meses antes dos ataques perpetrados pelo extremista de direita Anders Behring Breivik em julho do ano passado, divulgou hoje a rádio pública NRK.
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Segundo a estação norueguesa, o telefonema foi feito por homem que, num tom muito pausado e calmo, forneceu informações sobre possíveis ataques contra membros da Juventude Trabalhista, o que viria acontecer no dia 22 de julho de 2010 na ilha de Utoya, onde centenas de jovens participavam num acampamento da organização.

O homem falou também sobre a existência de "um manifesto".

Face à natureza "invulgar e perturbante" da mensagem telefónica, as autoridades norueguesas gravaram o telefonema e transcreveram as ameaças.

Apesar destas diligências, a polícia norueguesa nunca foi alertada, indicou o centro de serviços governamentais.

"O telefonema não foi considerado como uma ameaça concreta, mas sim uma conversa confusa e incoerente", afirmou à agência France Press, a responsável da comunicação do centro de serviços, Margot Vaagdal, sem confirmar o conteúdo do telefonema.

Alguns meses mais tarde, Breivik matou 77 pessoas em dois ataques. O extremista de direita foi o autor de um atentado à bomba contra a sede do governo norueguês e de um tiroteio na ilha de Utoya, perto de Oslo.

No mesmo dia, Breivik divulgou na Internet um extenso manifesto anti-islamita e contra o multiculturalismo.

"Após os ataques de 22 de julho, os serviços consideraram que uma parte do telefonema podia ser pertinente para o caso e informámos a polícia", afirmou Vaagdal.

De acordo com a rádio NRK, o documento elaborado pelo centro de serviços governamentais revelava a natureza das ameaças, o nome do interlocutor, o número de telefone e a data do telefonema.

Os serviços governamentais desconhecem se o autor do telefonema foi Breivik e referiram ainda que o documento elaborado sobre o assunto estava arquivado num dos edifícios que ficou danificado no atentado à bomba perpetrado pelo extremista.

No passado dia 29 de novembro, um relatório de dois especialistas psiquiátricos determinou que Breivik estava psicótico no momento dos factos e, portanto, inimputável.

O extremista de direita desenvolveu ao longo do tempo uma "esquizofrenia paranóide", declarou então numa conferência de imprensa o procurador Svein Holden, citando as conclusões do relatório.

Mais recentemente, a 22 de dezembro, uma comissão especial designada pela justiça norueguesa confirmou o diagnóstico psiquiátrico feito em novembro.

Behring Breivik reconheceu a autoria dos ataques, mas recusou declarar-se culpado.

Atualmente em detenção provisória, Behring Breivik, de 32 anos, espera o início do julgamento a 16 de abril.

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