Segundo a edição de hoje do Jornal de Angola, o vice-Presidente angolano, Bornito de Sousa, e o deputado da União Nacional para a Independência Total de Angola (UNITA), Eugénio Manuvakola, participaram quarta-feira na homenagem promovida pelo Governo do Mali por ocasião do 21.º aniversário da morte do mediador de paz (1993/98) na guerra civil em Angola (1975/2002)..Blondin Beye, na qualidade de representante do secretário-geral das Nações Unidas para as questões de paz e segurança em Angola, cargo para que fora nomeado em junho de 1993, morreu a 26 de junho de 1998 na sequência da queda de um avião ao largo da Costa do Marfim durante uma missão da ONU, em circunstâncias ainda por apurar..A homenagem decorreu na Escola de Manutenção da Paz "Alioune Blondin Beye", em Bamaco, em que estiveram presentes o primeiro-ministro maliano, Boubou Cossé, o presidente da Assembleia Nacional do Mali, Isaac Sidibé, e da viúva de Blondin Beye..Bornito de Sousa reconheceu que Blondin Beye "entregou-se, de corpo e alma, à causa da paz, segurança e estabilidade, não apenas em Angola, mas em todo o continente africano, considerando "merecida" a homenagem prestada ao "grande mediador"..O vice-Presidente de Angola sublinhou que o povo angolano tem uma "grande estima e respeito" por Alioune Beye, uma "figura que se destacou em Angola, em particular pelo dinamismo, perspicácia e exímias qualidades de diplomata"..Bornito de Sousa recordou que, como mediador da paz em Angola, exerceu as funções com "total dedicação até à data da morte", que considerou "heroica" no cumprimento de "mais uma das muitas missões" com o propósito de contribuir para a busca da tranquilidade e harmonia entre os angolanos. .Bornito de Sousa, que está, desde terça-feira, em Bamaco, recordou que Angola celebrou recentemente 17 anos de paz e de reconciliação nacional e vive um momento novo na sua organização e relançamento da economia e consolidação das instituições democráticas. ."Nada disso seria possível sem pessoas com a dimensão de Alioune Blondin Beye", sublinhou, salientando que o povo angolano está "eternamente grato" pelo gesto e desempenho do diplomata maliano no processo de paz em Angola..Por seu lado, o deputado da UNITA, Eugénio Manuvakola, que também discursou na cerimónia, lamentou que o continente berço continue a enfrentar conflitos. ."Os africanos precisam aprender as lições dos recentes conflitos e dos processos de paz do qual Angola faz parte", salientou, mostrando-se "grato" pelo papel desempenhado por Blondin Beye na guerra civil angolano..A homenagem serviu também para o lançamento do livro "Alioune Blondin Beye, A Paz em Angola, Um Longo Tio Tumultuoso", de 137 páginas, escrito pela viúva, Kady Sall Beye, que descreve a obra como o "reflexo da linha de pensamento" do marido..Kady Sall Beye lembrou que o marido tinha o desejo de escrever o livro sobre o processo de paz em Angola, mas infelizmente não teve a oportunidade de o fazer pessoalmente. ."Como fui uma testemunha sobre o processo de paz em Angola e dos seus esforços, sei tudo o que ele pretendia escrever", sublinhou..Foi através de Blondin Beye que, durante a guerra civil angolana, o Governo de Luanda e a UNITA assinaram um acordo de cessar-fogo a 20 de novembro de 1994, que ficou conhecido como Protocolo de Lusaca, um tratado de paz angolano que durou cerca de quatro anos e tinha como base a desmobilização das tropas do MPLA/FAA e as tropas da UNITA/FALA. .O tratado foi assinado na capital da Zâmbia a 20 de novembro de 1994 pelo então Ministro das Relações Exteriores do Governo angolano, Venâncio de Moura, e pelo então Secretario Geral da UNITA, Eugénio Ngolo Manuvakola..O protocolo corrigiu alguns défices que se registaram nos Acordos de Bicesse (assinados a 31 de maio de 1991, no Estoril, Portugal) e também serviu para a formação de um Governo de Unidade e de Reconciliação Nacional (GURN) em Angola, que incluiu todas as forças políticas que tinham assento parlamentar, saído das eleições gerais de 29 e 30 de setembro de 1992..No entanto, a guerra continuou até 2002, altura em que Jonas Savimbi, líder da UNITA, foi morto em combate..Em Luanda, as autoridades angolanas homenagearam o diplomata maliano dando o seu nome ao liceu francês da capital de Angola.