Genética tenta provar diferenças entre homens e mulheres

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Eles têm uma percepção do espaço mais adequada. Elas têm melhor fluência verbal. Os homens serão mais dotados para o raciocínio, logo para a matemática. As mulheres têm uma percepção mais rápida dos detalhes. As diferenças funcionais do cérebro entre os dois sexos são conhecidas há muito e também a nível morfológico se investiga o que distingue o masculino do feminino. Agora é a genética que começa a lançar luzes no chamado "dimorfismo sexual do cérebro".

A questão está numa parte do cromossoma X, a do sexo feminino, que viajou para o cromossoma Y. Por ter uma longa história de duplicação de cromossoma X, explica António Amorim, do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto, o património genético feminino desenvolveu "uma regulação fina dos genes, activando só uma das cópias". Mas os homens não regulam o cromossoma Y, como as mulheres em relação aos seus X.

E portanto há uma dose dupla de informação que, nos homens, está a regular os genes. A hipótese avançada pelo grupo de António Amorim é que é essa diferença de dose, entre homens e mulheres, que explica o dimorfismo sexual do género, já que envolve substâncias que estão ligadas à arquitectura do órgão cerebral.

A procura de diferenças no cérebro não é uma aventura de hoje. Começou há mais de cem anos, quando os homens, que se consideravam mais inteligentes do que as mulheres, procuraram evidências "científicas". Primeiro pesaram os cérebros e, de facto, o masculino tem mais alguns gramas - mas de uma forma geral, o corpo do homem é também mais pesado. E também não se encontrou, na altura, diferenças de maior na estrutura cerebral de ambos os sexos.

Só em 1974, explica Dulce Madeira, professora do Instituto de Anatomia da Faculdade de Medicina do Porto, a investigação conseguiu detectar diferenças a nível da "ultra-estrutura" do cérebro, nomeadamente no número de sinapses - ou seja, no número de contacto entre os neurónios. E em algumas áreas do cortex do lobo temporal haverá áreas discretamente maiores nos homens, que terão mais neurónios. Contudo, o número de comunicações é idêntico, quando comparado com a mulher. A ciência também já percebeu que existem diferenças nas características neuroquímicas entre os dois sexos.

Certo é que há maior comunicação entre os dois hemisférios femininos. O cérebro do homem é mais assimétrico e, diz Dulce Madeira, há quem atribua a esta característica a maior aptidão musical do sexo masculino, ou não fossem homens os grande compositores e maestros da história. As mulheres, por outro lado, porque têm os hemisférios mais ligados, conseguem fazer tarefas diferentes ao mesmo tempo.

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