Segundo o Daily Telegraph, o novo livro revela a existência de um ficheiro da polícia secreta da Suécia (país que manteve a neutralidade durante a II Guerra Mundial) sobre Kamprad, datado de 1943. "Prova pela primeira vez que Kamprad foi um membro activo do Svensk Socialistisk Samling - o sucessor do Partido Nacional Socialista Sueco dos Trabalhadores -, inclusive detalhando o seu número de membro: 4013", escreve o jornal britânico..O livro cita também cartas escritas por Kamprad, quando tinha apenas 17 anos, nas quais ele mostra o seu entusiasmo no recrutamento de novos membros e diz que não perde "qualquer oportunidade de trabalhar para o movimento". As missivas foram interceptadas pela polícia secreta, que na altura considerava que Kamprad devia ter "algum tipo de cargo oficial" no partido nazi, pois recebia o jornal da juventude partidária.."Ele disse em 1998 que iria colocar tudo em cima da mesa e que não iria esconder nada. Mas porque é que ele não nos disse que foi membro do pior partido nazi e que a polícia considerou esse facto suficientemente sério para criar um ficheiro sobre ele?", questionou Elisabeth Åsbrink. Um porta-voz do empresário desvalorizou o livro, considerando que se trata de "notícias velhas": "Ingvar Kamprad prestou contas detalhadamente em 1994 daquilo que ele descreve como 'pecados de juventude' e o maior erro da sua vida, pedindo desculpas e perdão a todas as partes envolvidas. A IKEA que ele criou baseia-se em princípios democráticos e abraça a sociedade multi-cultural.".O jornal britânico relembra algumas das polémicas que têm envolvido o milionário, que começaram em 1994, quando foram publicadas cartas do líder do partido de extrema-direita New Swedish Movement, Per Engdahl. Esses documentos revelavam que Kamprad deu dinheiro e recrutou membros para o movimento extremista e que Engdahl foi um dos poucos convidados para o casamento do empresário. Ainda no ano passado, numa entrevista a Åsbrink, o milionário mostrou mostrou ter sentimentos mistos sobre Engdhal, considerando que este "foi um grande homem"..Reagindo a novas revelações sobre o seu passado, em 1998, Kamprad disse que não se lembrava se tinha sido membro da Juventude Nórdica, equivalente sueco à Juventude Hitleriana. Mas o empresário nunca admitiu ter pertencido ao Svensk Socialistisk Samling, o partido sueco mais próximo dos nazis alemães e que deixou de usar a cruz suástica como símbolo apenas alguns anos antes de Kamprad se ter inscrito no movimento, diz o Daily Telegraph..Curiosamente, o livro da jornalista descreve a longa amizade entre Kamprad e um jovem refugiado judeu, que trabalhou para a família do empresário e que desempenhou um papel fundamental na criação da IKEA. "Ele vinha de um meio em que era normal falar mal dos judeus, mas quando conheceu Otto ficaram amigos", conta Åsbrink.