Funcionários da Estalagem Vale Manso avançam para suspensão dos contratos de trabalho

Os 15 funcionários da Estalagem Vale Manso, unidade hoteleira de cinco estrelas localizada em Martinchel, Abrantes, decidiram avançar hoje para a suspensão dos contratos de trabalho devido a ordenados em atraso.
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"Temos quatro meses de ordenados por receber e a administração diz que não nos paga nem não nos deixa aceitar reservas", disse à Agência Lusa Fátima Soares, porta-voz dos trabalhadores desta unidade hoteleira situada junto à Barragem do Castelo de Bode.

Segundo a recepcionista, 38 anos e funcionária da Estalagem desde Abril de 2000, "a administração diz que a empresa não tem viabilidade mas desde meados de Junho que está a ser gerida só pelos funcionários e temos obtido taxas de ocupação na casa dos 70 e 80 por cento".

"A Estalagem tem viabilidade, mas a administração nunca se preocupou connosco ou com a boa gestão da casa e apenas enviava mil euros por mês para algumas despesas e géneros alimentares, tendo-nos ordenado a anulação de todas as reservas, inclusive o programa de passagem de ano, e que só atendessemos alguém que chegasse à porta no dia-a-dia", referiu.  

De acordo com a trabalhadora, a 29 de Dezembro os funcionários receberam "uma carta da administração a informar que a empresa ia para a falência porque não tinha viabilidade e que todas as reservas tinham que ser anuladas".

"Hoje temos quatro meses de salários por receber, com o mês de subsídio de Natal, e decidimos avançar para a suspensão dos contratos de trabalho até saber se efectivamente vai existir um processo de insolvência ou se teremos de partir para a rescisão dos contratos laborais", afirmou.  

Norberto Gomes, representante do Sindicato da Hotelaria do Sul, referiu hoje à Lusa que "a suspensão do contratos de trabalho é uma medida imediata e que permite aos funcionários continuarem ligados à empresa e receberem 65 por cento do salário".

A Estalagem, inaugurada em 1998, "está falida por erros acumulados de gestão e os trabalhadores ficaram entregues a si próprios ao longo de todo o ano de 2008", afirmou.

"Não se percebe como se desbaratam quinze postos de trabalho numa unidade hoteleira com taxas de ocupação na ordem dos 70 a 80 por cento, mas vamos aguardar que a administração entregue em Tribunal o processo de falência da Vale Manso para actuar em conformidade", afirmou.

O dirigente referiu que o sindicato vai, em primeiro lugar, ajudar os trabalhadores a recuperarem os seus créditos e a meterem os papéis para o desemprego e, depois, irá "tentar sensibilizar a Câmara de Abrantes para que procure um empresário que queira investir e dar continuidade à exploração daquela unidade hoteleira".

A Lusa tentou contactar a administração da empresa que detém a estalagem - Empreendimentos Turísticos Vale Manso - mas tal não foi possível até ao momento.

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