Freitas acha possível aumentar impostos aos mais ricos

O ex-ministro Freitas do Amaral defendeu hoje que é possível aumentar os impostos sobre as "camadas mais ricas" manifestando-se contra "cortes cegos" na despesa e acusou o Governo de "estar à deriva".
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"Quer alargando a base social, quer tributando mais os que tem mais privilégios e os que vivem melhor, nós podíamos aumentar substancialmente a receita fiscal", afirmou Freitas do Amaral, manifestando-se contra "cortes cegos na despesa", em declarações aos jornalistas na Reitoria da Universidade de Lisboa, onde participou num debate sobre o Estado Social, promovido pela Antena 1.

De acordo com o ex-governante e fundador do CDS-PP, é possível aumentar os impostos sobre as "camadas mais ricas", considerando que "não é verdadeira a afirmação de que Portugal não pode pagar mais impostos".

"Impostos sobre o património, são pequenos, impostos sobre as sucessões que toda a Europa tem, acabou em Portugal e ninguém propõe que seja retomado e devia ser. Em terceiro lugar, impostos sobre bens de luxo, sobre aviões particulares, carros de alta cilindrada, motos de alta cilindrada, barcos, uísques caríssimos nas discotecas de sexta e sábado à noite. Aí podia-se ir buscar muito dinheiro mas aí ninguém quer tocar porque são os privilegiados, não se tocam", sugeriu, indicando ainda a tributação sobre "transações financeiras e imobiliárias".

Para Freitas do Amaral, uma reforma do Estado não pode ser feita através de "pequenos cortes" ou "cortes cegos na despesa" sem antes estudar a realidade da vida dos portugueses, considerando que o relatório encomendado pelo Governo ao FMI foi "um frete" sem qualquer valor científico.

"Deduzo das declarações públicas feitas pelo Governo e do relatório do FMI que se quer caminhar para um Estado mínimo, que deixa de fora a maior parte das pessoas", criticou, considerando que o Governo "está à deriva".

"O que eu sinto é que o Governo está um pouco à deriva, perdeu todos os apoios institucionais com que começou" e não tem neste momento base social de apoio.

"Eu pergunto em quem é que este Governo pretende apoiar-se, qual é a base social de apoio ? Não tem, não tem, este Governo é constituído por uns iluminados, que estão numa torre de marfim e que desprezam em absoluto tudo o que está à volta deles. Ora, em democracia isso normalmente acaba mal, é tudo o que eu posso prever", declarou.

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