A República em Marcha de Emmanuel Macron continua a justificar o nome e ontem conseguiu uma vitória esmagadora na primeira volta das legislativas francesas. Foram pouco mais de 30% dos votos, mas graças ao sistema eleitoral e às divisões nas fileiras dos partidos rivais chegam para prever uma larguíssima maioria absoluta no novo Parlamento, que ficará definido na segunda volta, que se realiza no próximo domingo..A direita clássica confirma-se como a principal força de oposição, passando a fasquia dos 20% dos votos, enquanto socialistas, comunistas e afins e extrema-direita conseguem todos entre 9% e 14% (estimativas Le Monde), o que significa para esta última um fraco resultado que, por força do sistema maioritário a duas voltas e da ausência de aliados, lhe dará escassa representação parlamentar..A vitória do partido presidencial é a confirmação de uma tradição francesa de oferecer ao chefe do Estado recém-eleito uma maioria de governo da sua confiança. No caso de Macron, eleito em maio e novato nisto de ir a votos, significa que terá o apoio de um também novo República em Marcha para avançar com o seu programa sem desculpas..Um dado importante é a abstenção, na ordem dos 50%, a mais alta de sempre em legislativas na chamada V República. Pode ser interpretada de muitas formas, a começar pela certeza geral de que o partido de Macron ganharia por muito. E percebe-se a desmobilização noutras forças, como a extrema-direita, que apostou tudo na candidatura de Marine Le Pen à presidência, que acabou por ser esmagada na segunda volta por Macron a 7 de maio..A elevada abstenção também joga a favor dos candidatos apoiados por Macron porque haverá poucas triangulares e adivinha-se que nos duelos da segunda volta com um centrista contra um candidato de esquerda a direita votará no República em Marcha e nos duelos com um centrista contra um candidato da direita a esquerda também se mobilizará pela opção centrista.