Cabo Verde: Isa estreia-se em disco com «Kriola EnKantu» homenageando ritmos e ilhas do arquipélago (C/FOTO)

Publicado a
Atualizado a

Cidade da Praia, 11 Abr (Lusa) -- "Kriola EnKantu" é o álbum de estreia da cantora cabo-verdiana Isa, em que homenageia todos os ritmos e ilhas do arquipélago, cantando e contando "sensações, vibrações, respirações e emoções diversas" da música popular de Cabo Verde.

Apoiada num grupo de músicos já consagrados, como Paulino Vieira, Voginha, Zeca Couto (ex-Tubarões), Princezito, Tcheka, Tiolino Évora ou Tibau, além do angolano Carlos N´Du, entre outros, a nova coqueluche cabo-verdiana, natural de Lisboa, onde nasceu em 1984, escreve duas das músicas em parceria e seis das letras.

Totalmente acústico, "Kriola EnKantu", curioso trocadilho para justificar "Canto de Crioula", tem como tema forte o inédito "Kantu Luzia", uma homenagem à única ilha desabitada do arquipélago (Santa Luzia), escrita com a intenção, diz Isa, "de consciencializar a preservação e valorizar a natureza e reservas ecológicas" de Cabo Verde.

O disco, que conta com 11 faixas e que tem como director musical o maestro cabo-verdiano Hernâni Almeida, homenageia cada uma das 11 ilhas, incluindo a da "diáspora", apresenta géneros musicais que fazem parte do leque da tradição musical cabo-verdiana, bem como dois temas de origem popular.

Em "Kriola EnKantu" pode apreciar-se a "bandera" do Fogo, a "coladeira" de São Vicente, a "valsa" de Santo Antão e o "finaçon-batuco" de Santiago, bem como a "mazurca" da Boa Vista, a "morna" da Brava, o "kola-sanjon" de São Nicolau e o "funaná-tabanka", comum às ilhas mas dedicada à diáspora cabo-verdiana.

Além das preocupações ambientais e da homenagem ao arquipélago, Isa foi buscar um poema da jovem poetisa cabo-verdiana Lay Lobo, "Xintadu Ta Papia Ku Mar", com o intuito de "contribuir e motivar cada vez mais o aparecimento de mulheres e jovens «kriolas» a comporem poemas para a exaltação das ilhas e da própria mulher crioula".

Filha de pai de Santiago e de mãe de São Vicente, Isa deixou Lisboa com os pais ainda muito nova, tendo passado a infância e adolescência na Cidade da Praia, onde começou a cantar com apenas cinco anos em coros de igreja e, mais tarde, junto com amigos nas brincadeiras de escola, de rua e festas de aniversário, percurso, afinal, igual a tantos outros cantores de um arquipélago em que a música é algo inato.

Licenciada em Relações Públicas pela Universidade Católica de Belo Horizonte (Brasil), regressou a Cabo Verde em 1998 e, a partir de então, nunca mais parou e participou em numerosos festivais e espectáculos quer no país, quer no estrangeiro, onde a doce sensualidade da voz, com influência da Música Popular Brasileira (MPB), chamou a atenção de todos.

O álbum de estreia "não peca pelo tardio", pois, diz Isa, "tudo tinha de ser feito com os pés bem assentes no chão", num clima intimista, "com um toque de universalidade, mostrando a miscigenação, multiculturalidade e força da palavra e raça «Kriola»".

"Segui o meu instinto, a voz interior e o coração para elaborar e trabalhar. É uma emoção muito grande quando começamos a sentir e a ver algo de muito valioso para nós ganhar corpo e ter a consciência que, dentro dessa caixinha, estão sensações, vibrações, respirações e emoções diversas", confessa Isa.

JSD.

Lusa/Fim

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt