Fortuna de Belmiro supera a da família Mello

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Afortuna de Belmiro de Azevedo ultrapassou a da família José de Mello no ano passado, em resultado da valorização bolsista evidenciada pela Sonae, grupo de que o empresário nortenho é o principal investidor. O dono dos hipermercados Continente voltou a ser o homem mais rico de Portugal, tendo em conta as suas participações accionistas em empresas que integram o PSI 20, o índice de referência da Euronext Lisboa.

No final de 2005, os cerca de 53% que a Efanor, holding pessoal de Belmiro de Azevedo, possuía na Sonae SGPS valiam cerca de 1,7 mil milhões de euros, ou seja, quase 1,2% do Produto Interno Bruto (PIB) - esta avaliação não teve em conta o ajustamento que a cotação da empresa sofreu com a cisão da Sonae Indústria, uma vez que não foi contabilizada a participação do empresário nesta sociedade. Já a fortuna bolsista da família José de Mello, concentrada em acções da Brisa e do Banco Comercial Português, estava avaliada em 1,63 mil milhões. No final de 2004, o líder deste ranking era o grupo que controla a concessionária de auto-estradas, com participações de quase 1,4 mil milhões, enquanto o património bolsista da família que controla a Sonae ascendia a pouco mais de 1,1 mil milhões.

Entre os grupos familiares mais ricos da bolsa portuguesa, Belmiro de Azevedo é o único que não tinha fortuna antes das nacionalizações que se seguiram ao 25 de Abril de 1974. Antes da Revolução, a família José de Mello era proprietária de um dos maiores grupos industriais e financeiros de Portugal, que controlava a CUF e o Banco Totta & Açores.

Também as famílias Teixeira Duarte, Espírito Santo e Soares dos Santos estão tradicionalmente ligadas à história empresarial portuguesa, anterior às nacionalizações. Ainda assim, no final do ano passado, o valor das fortunas bolsistas destes 'clãs' ficava aquém do património do dono da Sonae. A riqueza do grupo construtor - investida na empresa com o mesmo nome, na Cimpor e no Banco Comercial Português - superava ligeiramente os 1,4 mil milhões de euros. Já a família Espírito Santo, que detém cerca de um terço do Banco Espírito Santo, tinha um património avaliado em quase 1,3 milhões de euros. E a fortuna da holding da família Soares dos Santos, que controla a maioria do capital da Jerónimo Martins - proprietária dos supermercados Pingo Doce e dos hipermercados Feira Nova -, aproximava-se dos 900 milhões de euros.

Apesar de estas serem as famílias mais ricas da bolsa portuguesa, as maiores fortunas da Euronext Lisboa são controladas pelo Estado (ver texto ao lado) e pelo Grupo Portugal Telecom, que tem participações no Banco Espírito Santo e na PT Multimédia. Os cinco maiores grupos financeiros - Caixa Geral de Depósitos, Banco Comercial Português, Banco Espírito Santo, Banco BPI e Banco Santander Totta - são outros dos grandes milionários da Euronext Lisboa (ver texto na página ao lado). Ainda assim, se se somar o património das famílias e dos empresários individuais conclui-se que é este grupo que controla as grandes fortunas da bolsa, com um património conjunto avaliado em mais de 9,5 milhões de euros, o equivalente a mais de 6% do PIB.

Entre os empresários, Horácio Roque, accionista maioritário do Banco Internacional do Funchal, é o líder do ranking, com uma fortuna avaliada em 435 milhões de euros. O património do banqueiro madeirense - apenas foi contabilizada a participação no Banif - mais do que duplicou no último ano, devido à forte valorização registada pelas acções do banco, que foram impulsionadas pela especulação sobre a possível venda do Banif a um grupo financeiro internacional. Assim, o valor da posição bolsista de Roque supera a avaliação dos activos bolsistas do outro empresário madeirense com assento neste ranking. José Berardo, investidor de referência da Teixeira Duarte, Cimpor e BCP, dispõe de activos bolsistas avaliados em pouco menos de 400 milhões de euros, à frente de João Pereira Coutinho (377 milhões). C

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