Fim-de-semana especial no coração da A1 Team Portugal

Portimão. O DN acompanhou a equipa portuguesa no autódromo do Algarve. Filipe Albuquerque só "descansou" quando competia, tal foi a atenção mediática. Nas boxes viveu-se a tensão, a alegria  e a desilusão habitual em corridas
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No último ano e meio a A1 Team Portugal sofreu uma reestruturação com vista em colocar a equipa entre as melhores do campeonato de automobilismo entre nações. Mudou o piloto, a direcção, o director desportivo, tudo feito com um baixo orçamento - três milhões de euros - mas com o máximo profissionalismo. 2009 está a ser um ano marcante, com Portugal a lutar pelo título. Se Pedro Matos Chaves confessa estar algo surpreendido, já Luís Vicente realça o resultado do trabalho que tem sido feito.

O principal objectivo para esta época é a consolidação da equipa entre as melhores, algo que Luís Vicente, CEO da equipa, considera estar alcançado, "independentemente se o campeonato seja conquistado ou não". Este dirigente recusa assumir apenas as funções administrativas. "É algo que me agrada participar também na competição propriamente dita. Sou eu que escolho o piloto, os restantes membros da equipa [que inclui pessoas da Nova Zelândia, Austrália, Grã-Bretanha, Itália e Nepal], fui eu que trouxe o Pedro Matos Chaves, mas também participo em certas decisões estratégicas. Fujo um pouco à regra de quem habitualmente assume este cargo", salientou ao DN.

Apesar de a nível competitivo considerar que este fim-de-semana "foi apenas mais um", estar em Portugal despertou outros sentimentos. "Não senti mais pressão por isso, mas estar numa pista como esta, que coloco entre as três melhores do mundo, correr frente ao público português é sempre especial", explicou. A vontade de estar no autódromo de Portimão foi tal que até enganou o médico: "Tive um acidente de bicicleta e só voltei a andar na quarta-feira."

Os dois terceiros lugares de Filipe Albuquerque "foram muito positivos" - um dos terceiros passou a segundo após uma penalização à Irlanda - apesar de durante todo o fim-de-semana a vontade de fazer uma surpresa fosse grande, ou seja, celebrar um triunfo. Manhã cedo os mecânicos começam a trabalhar no carro ao pormenor. Monta, desmonta, estudar o comportamento do carro, manter a temperatura dos pneus, preparar tácticas, manter a boxe limpa... Não há um momento de descanso para ninguém. Aliás, Filipe Albuquerque até realça que o momento de paz era a conduzir: "Foi muita atenção. Muitas, muitas entrevistas."

O piloto de Coimbra dividiu o seu tempo entre preparar o carro sempre acompanhado pelo director desportivo Pedro Matos Chaves, conduzir e corresponder a todas as solicitações de jornalistas, adeptos e amigos. Enquanto Albuquerque era "a estrela portuguesa" - como lhe chamou o piloto holandês Robert Doornbos - nas boxes a equipa continuava a fazer um trabalho que pode parecer repetitivo, mas como Pedro Matos Chaves frisa: "É preciso estar sempre atento a qualquer possível falha. O Filipe diz-nos como está o carro e nós tentamos corresponder."

Sexta-feira é o dia em que se vê mais sorrisos entre os membros da equipa. "O sábado é quase tão importante como o domingo, pois a qualificação pode definir a corrida", refere Albuquerque. A tensão é visível, a desilusão ainda mais quando o piloto comete um erro e prejudica a única volta que dispunha. O team manager, Piers Maserati, dá um soco no ar. Porém, a tensão é ainda maior aquando das corridas. De pé, de joelhos, braços cruzados, enquanto Albuquerque está na pista, a atenção é para os dois monitores: um mostra a corrida, outro os tempos. Maserati é o menos emotivo de todos. Enquanto mecânicos e até Luís Vicente festejam uma ultrapassagem, o britânico não faz qualquer movimento. "Eu sou mais expansivo, mas o Piers tem uma personalidade diferente, mais 'britânica'", disse o patrão da equipa.

A feature race, a mais longa das corridas, ficou marcada por uma hesitação na pit-stop que custou a liderança a Albuquerque. "Foi o pior momento", confessa o piloto, que prefere dar importância ao melhor: "os dois pódios."

A preparar-se para o merecido descanso, Albuquerque relembrou algumas supertições que tem: "Gosto de ver uma série antes de dormir, seja o 24, Heroes, Lost. Na sexta-feira não vi e o sábado não correu bem. Ontem [anteontem] já o fiz e hoje [ontem] foi um bom dia. Mas tenho mais superstições, como as cuecas da sorte!"

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