Festival Burning Man. Um grito de liberdade ao estilo Mad Max

O festival mais alternativo do mundo assinalou 30 anos no deserto Black Rock, com 70 mil pessoas, entre as quais várias figuras públicas
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Assume-se como um evento "contracultura", no qual os seus participantes podem expressar-se da forma que quiserem. O Burning Man, festival que decorre anualmente no deserto Black Rock, no estado do Nevada, nos EUA, acolheu entre 28 de agosto e esta segunda-feira, quando terminou, mais de 70 mil pessoas, número semelhante à edição anterior. Várias figuras públicas não quiseram faltar à edição deste ano, que assinalou 30 décadas desde a criação desta metrópole que apela à liberdade criativa e de expressão.

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Paris Hilton, Katy Perry, Karlie Kloss, Cara Delevingne e Heidi Klum foram algumas das celebridades que marcaram presença no festival, cujo cenário faz lembrar o ambiente cinematográfico de Mad Max, e que junta elementos tão distintos como instalações de arte, concertos de música, fogo-de-artifício, agrupamentos com as mais variadas temáticas afetivas, humanas ou espirituais e cabinas telefónicas para falar com Deus, e que leva o público a ser - ainda mais do que num festival dito normal - um participante ativo. De preferência, o mais radical e extravagante possível.

Entre os presentes na 30.ª edição do Burning Man, onde qualquer pessoa pode passar de espectador a artista assim que lhe apetecer - o festival não obedece a horários -, estiveram três portugueses famosos: a manequim Sara Sampaio, a apresentadora da SIC Raquel Strada e o radialista Rui Maria Pêgo, que partilharam imagens do evento de nove dias nas redes sociais.

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"Uma cidade no deserto. Uma cultura de possibilidade. Uma rede de sonhadores e fazedores" é o mantra deste espetáculo anual que, apesar da sua liberdade criativa, artística e social, se rege sempre por dez princípios: a inclusão radical, a cooperação comunitária, a responsabilidade civil, a generosidade, a participação, o imediatismo, a autoconfiança, a autoexpressão, a desmercantilização e o não deixar rasto (este último porque o local do deserto onde se realiza o festival é deixado exatamente como estava, sem nada, quando o evento termina).

"É uma experiência difícil de transcrever em palavras, é tudo muito sensorial", começa por explicar Raquel Strada numa reflexão no seu blogue, Blue Ginger. "Sem acesso a água potável, tens de levar tudo contigo, inclusivamente os litros de água que vais beber e a comida. (...) A verdade é que enquanto estás no Burning Man facilmente te desligas deste mundo, tudo o que queres fazer é realmente aproveitar as festas, a música, o ambiente, divertires-te ao máximo. Há festas de manhã à noite, o Burning Man não para. E pelo meio disto tudo ganhas uma nova perspetiva sobre a vida, sobre o teu lugar no mundo e a forma como interages com a natureza", acrescenta a apresentadora.

Ainda assim, ter um deserto como palco do estival nem sempre é fácil. "Durante o dia chegam a estar 50 graus, há tempestades de areia em que não consegues ver nada e que tens mesmo de andar com goggles [óculos] e máscara, ou comes metade do deserto logo ali. (...) Mas a natureza é realmente uma força muito forte no festival. A política [da sua] sustentabilidade e de respeito é visível em tudo", rematou Strada.

O Burning Man, que se especula que terá em 2017 a primeira edição europeia, em Amesterdão, foi criado em 1986 pelos amigos Larry Harvey e Jerry James, numa praia em São Francisco. Para celebrarem o solstício de verão, criaram uma escultura com um homem de madeira e deitaram-lhe fogo, dando nome ao evento que foi ganhando adeptos ano após ano.

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