As festas que Silvio Berlusconi queria que fossem do foro privado tornam-se a cada dia mais públicas, com os pormenores que vão sendo desvendados pelos media e pelos procuradores de Bari. Já é sabido que dezenas de mulheres, algumas prostitutas profissionais, afirmam ter recebido dinheiro para participar em festas nas casas que o primeiro-ministro italiano tem em Roma e na Sardenha. Agora, surge a suspeita de que não faltava a cocaína. .As autoridades procuram interrogar Nicola D, "Nick", um traficante de droga homossexual que terá participado nalgumas das referidas festas. Isto porque nas escutas telefónicas analisadas pela procuradoria, o homem que angariava as mulheres, Gianpaolo Tarantini, prometeu a uma delas uma noite repleta de "sexo e de droga" . E referiu que haveria "uma festa branca" com centenas de convidados, entre os quais estaria "Nick", escreveu o Corriere della Sera. ."Nick convida raparigas bonitas para festas. Organiza noites em clubes e tem contactos em Roma, em Milão, em todo o lado. Ele conhece homens de negócios, políticos - muita gente", disse ao Times a transexual Manila Gorio, amiga da mulher no centro da polémica: Patrizia d'Addario, prostituta, denunciou a presença de mulhe- res pagas nas festas e entregou seis gravações de áudio, um vídeo e várias filmagens à procuradoria de Bari. Disse ter recebido mil euros para participar numa das festas organizadas para Silvio Berlusconi. .A esta altura, o inquérito já envolve mais de três dezenas de mulheres. Berlusconi, de 72 anos, garantiu à revista Chi que nunca na vida pagou por sexo com uma mulher, porque isso não tem o prazer da conquista. E afirmou que deve ser Patrizia d'Addario quem está a ser paga por pessoas que têm interesse em prejudicá-lo. E garantiu que se soubesse que à sua volta tinha prostitutas de luxo em vez de algumas jovens dispostas a divertir-se tinha ficado a milhas de distância delas. .Os procuradores descobriram a ligação às festas de Berlusconi quando ouviam as escutas feitas a Gianpaolo Tarantini, de 34 anos, no âmbito de uma investigação por fraude na gestão da Tecno Hospital, empresa de venda de equipamentos hospitalares que detém com o irmão. Tarantini está agora a ser também investiga- do por corrupção e incitamento à prostituição. Ao mesmo tempo, este homem de negócios trabalhava também como lobista, cobrando largas somas de dinheiro para influenciar o Governo de Berlusconi a favor dos interesses de algumas empresas..Só do Grupo Intini recebia 150 mil euros por ano, admitiu ontem ao Corriere della Sera o conselheiro-delegado do grupo, Enrico Intini. O grupo com o mesmo nome queria que o serviço de Protecção Civil incluísse a sua empresa na lista daquelas com que trabalha em situações de emergência. "Estas relações com Tarantini derivavam dos seus conhecimentos com Berlusconi. Não há dúvidas. Falamos de uma relação com um homem poderoso, muito poderoso, e para um aspirante a lobista isso era o máximo", disse o responsável àquele jornal diário. .O Corriere della Sera diz que nas escutas há muitas conversas entre Tarantini e Berlusconi, mas não transcreveu as frases. Disse apenas que "falam de raparigas e de festas de forma alegre e brincalhona"..Quanto a Nicola D, "Nick", o advogado de Tarantini, Nicola Quaranta, garantiu ao Times: "Não sabemos quem ele é. Não fazemos comentários. É um boato. Se alguma vez houver alguma investigação formal e acusações de algum crime, então, nessa altura, tentaremos verificar as fontes para nos defendermos."