Reinado de Fernando Santos na Polónia só durou 233 dias
Durou precisamente 233 dias a permanência de Fernando Santos como selecionador polaco de futebol. O treinador português não resistiu aos maus resultados na fase de qualificação para o Euro 2024 e foi demitido do cargo esta quarta-feira.
O destino ficou traçado na terça-feira, após uma reunião com o presidente da federação, Cezary Kulesza. Apesar de terem circulado notícias de que Santos poderia permanecer, esta quarta-feira de manhã a imprensa polaca adiantou que já tinha sido apresentado ao selecionador um acordo para rescindir o contrato. O divórcio acabou por ser oficializado a meio da tarde.
"Apesar de estarmos a terminar a nossa ligação, estou grato por ter liderado a seleção polaca e desejo tudo de bom à Polónia e ao seu povo, que tão bem me acolheu quando aqui vivi", disse Santos, citado pela federação daquele país.
Anunciado a 24 de janeiro com pompa e circunstância, atirando na apresentação a célebre frase "a partir de hoje sou polaco, sou um de vocês", Santos sai pela porta pequena, com a seleção em sérios riscos de falhar o apuramento para o Euro 2024 - está no quarto lugar do Grupo E, com apenas seis pontos em cinco jogos, com duas vitórias e três derrotas.
A contestação subiu de tom esta semana após novo desaire, desta vez na Albânia, por 2-0, e ganhou contornos quase irreversíveis após as declarações de Robert Lewandowski, capitão e maior estrela da equipa, quando pediu "grandes mudanças" para que a Polónia voltasse "a ver a luz ao fim do túnel", num comentário entendido como um recado a Santos que, nesse mesmo dia, na conferência de imprensa, garantiu que não se ia demitir.
Antes, em junho, o português também já tinha sido muito criticado após a derrota (3-2) com a Moldávia, num jogo onde teve uma vantagem de dois golos. "O Fernando Santos está muito tranquilo no banco e precisamos de orientação. Quando olho para o Fernando Santos tenho a impressão que adormece no banco. Espero que volte para Portugal", disse na altura Jacek Bak, antigo capitão da Polónia.
O contrato de Fernando Santos, que levou Portugal à conquista do Euro 2016 e que deixou o cargo de selecionador português a 15 de dezembro, após o Mundial do Qatar, era válido até ao final da qualificação para o Europeu de 2024 e renovava automaticamente até 2026 em caso de apuramento.
No espaço de menos de dois anos, Santos é o segundo treinador português a deixar o cargo de selecionador polaco sem cumprir o vínculo até ao fim. Em dezembro de 2021, Paulo Sousa também saiu mais cedo, a seu pedido, depois de receber uma proposta para treinar o Flamengo, do Brasil.
De acordo com a imprensa polaca, a federação tem cinco nomes em agenda como possíveis substitutos, mas a escolha deverá recair em Michael Probierz, que atualmente orienta a seleção de sub-21. Após anunciar a saída de Santos, o líder da federação polaca, Cesary Kulesz, referiu que o processo de escolha vai começar e que em breve será anunciado o nome do sucessor.
nuno.fernandes@dn.pt