Uma longa história monárquica que começa com um casamento, de Isabel I de Castela e de Fernando II de Aragão - os reis católicos - que une as coroas de Aragão e de Castela..Praticamente toda a história de Espanha está associada à história dos seus reis, sendo que a monarquia foi o sistema de Governo em 498 anos e outros regimes em apenas 50: os anos do período revolucionário (1868-1870), as duas repúblicas (a 1.ª de 1873 a 1874 e a 2.ª de 1931 a 1939) e a ditadura franquista (1939-1975)..A história de Espanha como tal começa com uma rainha que, na prática, numa reinou, Joana I. Foi rainha de Castela (de 1504 a 1555) e de Aragão e Navarra (de 1516 a 1555), mas nunca governou sozinha, já que primeiro partilhou o trono com o seu pai, Fernando de Aragão, depois com o seu marido, Felipe I, "O belo", e finalmente com o filho, Carlos I..Desde esse casamento, Espanha teve 20 reis procedentes de quatro dinastias - Trastamara, Austria, Saboya, Borbón- que tiveram 28 consortes e 101 filhos. .Grupo a que se somam um rei imposto sem dinastia, José I (1808-1813), irmão de Napoleão Bonaparte, que os espanhóis expulsaram depois da Guerra da Independência..Entre todos eles, os que mais brilharam na história nacional foram os primeiros Austrias (Carlos I e Felipe II), que governavam um império que ia das Filipinas à América do Sul e que chegou a incluir Portugal e Flandres..A hegemonia espanhola manteve-se com outros Austrias - Felipe III e Felipe IV -, reinados que iniciaram o período da Ilustração, impulsionado por Felipe V, Fernando VI, Carlos III e Carlos IV. .Este foi o período de maior esplendor das letras e da arte em Espanha, com a literatura do considerado 'Século de Ouro' e as obras de pintores como Velázquez e Goya..A morte do último Austria, Carlos II, a 1 de janeiro de 1700, levou Espanha à Guerra da Sucessão (1701-1713), um conflito de dimensões internacionais cujas consequências alteraram as conceções políticas dominantes na Europa até então e afetaram de forma significativa a integridade territorial e ao conceito da unidade política que nesses momentos se identificava como a Monarquia Espanhola..O conflito terminou com a assinatura dos tratados de paz de Utrecht, nesta cidade dos Países Baixos, que instaurou no trono a dinastia Borbón e levou à perda das possessões europeias..Com Felipe V, desapareceu a coroa de Aragão e Espanha avançou na centralização e unificação administrativa do Estado, no que foi o reinado mais longo da história espanhola (45 anos)..Acabou por abdicar - um dos sete reis espanhóis a fazê-lo - para o filho, Luis I, que, ironicamente, teve o reinado mais curto, de apenas 229 dias..Recorde-se que além do ainda rei Juan Carlos, que abdicará, formalmente, na quarta-feira, os outros reis que abdicaram são Carlos I (en Felipe II e para retirar-se para Yuste, Cáceres), Carlos IV e Fernando VII (Carlos em Fernando, Fernando no seu pai e o seu pai em Napoleão), Isabel II (em Afonso XII depois da chamada Revolução Gloriosa de 1868) e Afonso XIII (a quem se seguiu a 2.ª república)..É no reinado de Juan Carlos que Espanha se converte em regime democrático, uma monarquia parlamentar consagrada na Constituição de 1978..Juan Carlos sobe ao trono ainda sem que Espanha seja uma democracia e é no seu longo e próspero reinado, um dos mais longos de sempre, que o país se consolida em liberdades e garantias..Cabe ao seu filho, Felipe VI, o papel histórico de ser o primeiro monarca espanhol a ser proclamado em democracia.