Fazer ou não fazer, eis a questão

Publicado a
Atualizado a

É preciso uma "latitude" considerável para conseguir aceitar uma tradução da famosa expressão do dramaturgo e poeta Inglês, mas é possível alcançar a sua origem. Em termos jurídicos, é bem conhecida uma outra manifestação cuja aplicação também poderia ter lugar: o famoso facere ou non facere, na medida que remete para a obrigação de não praticar determinada conduta ou de omitir a mesma.

Atualmente, vive-se em Portugal uma conjuntura política nacional favorável. E apesar de reconhecer a controvérsia gerada pela afirmação anterior, passe-se a uma análise mais detalhada: ao longo dos quase 50 anos de democracia vivida (convém relembrar que são os últimos 50 em 880 anos de história) testemunha-se uma situação política que, aparentemente e de acordo com os estudos de opinião, não se voltará a repetir tão cedo, seja à esquerda ou à direita.

De forma mais sintética, não há certezas absolutas de que os próximos executivos contem com a mesma estabilidade parlamentar para levar a cabo o seu programa de governo. Tudo indica que as novas maiorias apenas o serão se recorrerem a uma espécie de "geringonça", independentemente dessas virem a ser destras ou canhotas.

Talvez por isso mesmo se veja que - e à falta de melhor - volte a ganhar preponderância a magistratura de influência. Ou pelo menos a veia do atual titular do cargo, que em fim de festa tenta a todo o custo fazer o que nunca conseguiu enquanto líder partidário, mas que (verdade seja dita) sempre o fez bem aos domingos à noite.

Assim, é desígnio deste executivo conseguir levar a cabo medidas e decisões que num futuro próximo não serão passíveis de serem tomadas fruto da conjuntura política que poderá advir das eleições. Exemplos não faltam pelo mundo fora, isto é, governos de esquerda e de direita que, reféns dos seus parceiros, são obrigados a capitular com graves consequências económicas e sociais para as pessoas.

Será também por essa hipótese que a "oposição" sonha em perder o "O" e passar a deter a "Posição". E como não o conseguiu permanece inúmeras vezes num ensurdecedor silêncio perante as diferentes medidas que vão sendo tomadas em prol do país; medidas essas que são boas para Portugal e para os portugueses.

Em jeito de conclusão prévia, é por haver um rumo político e um fio condutor na política nacional que, por vezes e até de forma quase inexplicável, se assiste a alguns governantes anunciarem medidas e feitos que parecem distantes do quotidiano. Contudo, a realidade é que a não serem tomadas agora poderão não vir a sê-lo no futuro. E a ausência de decisão traria consequências graves para o futuro coletivo.

Por isso afirmo que este é o momento de fazer. Não só pelas razões apontadas, mas também por tudo o que se conhece com respeito à oportunidade concedida pelos parceiros europeus. Os fundos do PRR e sua execução são essenciais para o desenvolvimento de Portugal. As regras da democracia estabelecem que a uns cabe o exercício do poder e a outros a fiscalização desse trabalho.

Atrevo-me a dizer de novo: o povo escolhe sempre bem (e não apenas quando vota no PS) e por isso decidiu de forma exímia quando preferiu os melhores que neste momento levam a cabo as ações que o país necessita para melhorar. Chegará o momento para avaliar e aí o desafio talvez seja este: avaliar o concreto ou o abstrato, o que foi feito ou não foi feito?

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt