O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos (SNF) convocou uma greve para os próximos dias 25 e 26 de outubro porque as vastas queixas dos farmacêuticos hospitalares da Administração Pública (AP) são indubitavelmente preocupantes..No respeito pelos doentes e no cumprimento das normas deontológicas que nos guiam, serão escrupulosamente cumpridos os serviços mínimos, os mesmos que são disponibilizados nas 24 horas de domingos e feriados..Perguntar-se-ão o porquê destes farmacêuticos recorrerem ao seu direito constitucional à Greve. Fazem-no, pela primeira vez na História dos farmacêuticos portugueses, como forma de protesto público contra a degradação do seu trabalho, mas também porque não aceitam compactuar com um sistema que deixa degradar a qualidade e a segurança dos serviços prestados no Serviço Nacional de Saúde (SNS)..Contrariamente ao que está a acontecer com os outros profissionais da Saúde, não houve qualquer abertura por parte do Governo e das equipas ministeriais da Saúde para dialogar connosco. Não há atos médicos, atos de enfermagem, atos de saúde em geral que não tenham implícitas na sua quase totalidade uma intervenção na área da terapêutica medicamentosa ou analítica em que intervêm farmacêuticos..Sendo esta uma verdade incontornável e óbvia, convém relembrar que os farmacêuticos hospitalares da AP também são profissionais da Saúde..A par da carreira médica, somos os únicos profissionais que detém um Mestrado Integrado seguido de uma Especialização para poder ingressar na carreira farmacêutica. É essencial uma revisão e atualização da tabela remuneratória da carreira farmacêutica, que contrariamente a outras carreiras, não é atualizada desde o século passado, sim é verdade, desde 1999..É impreterível a valorização da carreira farmacêutica..Os farmacêuticos hospitalares são essenciais para garantir o circuito do medicamento, dispositivos médicos e outros produtos de saúde..Integrados em equipa multidisciplinares, contribuem na geração e gestão de informação clínica, científica, técnica e económica, destacando-se o seu papel na avaliação da inovação terapêutica, com consequentes ganhos em saúde..É impreterível que os profissionais precários passíveis de serem despedidos a qualquer momento possam ser de imediato efetivados, que sejam admitidos mais farmacêuticos para se garantir cuidados de saúde com qualidade e segurança para todos os cidadãos. É impreterível a revisão da carreira farmacêutica. Como podemos aceitar que a esmagadora maioria dos farmacêuticos especialistas em Farmácia Hospitalar, Análises Clínicas e Genética Humana, após mais de 20 anos a exercer no SNS se encontrem na base da carreira, sem qualquer progressão?.Urge harmonizar a avaliação de desempenho entre farmacêuticos com contrato de trabalho em funções públicas ou contrato individual de trabalho para que possam ter um caminho comum a nível de progressão e valorização da carreira..É impreterível a revisão do regime transitório de equiparação à Residência Farmacêutica que discrimina mais de uma centena de farmacêuticos no acesso e reconhecimento da sua especialidade, bem como o reconhecimento das especialidades atribuídas pela Ordem dos Farmacêuticos (OF)..É claramente necessária e emergente a abertura do Sr. Ministro da Saúde, Manuel Pizarro, na correção destas enormes injustiças e falta de dignidade perante os farmacêuticos resilientes que se mantém no SNS..Chegou o momento dos cidadãos, dos políticos e decisores perceberem o potencial que podem ter no SNS, o Farmacêutico..*Especialista em Farmácia Hospitalar;.Membro do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos