Famílias levam casa às costas para passar férias em Porto Covo
Alentejo. O caravanismo é cada vez mais uma opção
Fãs de autocaravanas dizem que o conforto é semelhante ao de casa
Casa às costas, ambiente familiar e proximidade das praias são os ingredientes das férias ideais da família Rodrigues, que este ano instalou a sua autocaravana no parque de campismo de Porto Covo (Sines), reunindo segurança e conforto. Todas as comodidades de casa e ainda a possibilidade de trazer a gata de estimação, Mimi: estas são algumas das vantagens que levaram Paulo e Helena Rodrigues a optar pela primeira vez pela autocaravana.
"Há muita gente que fica 'lá fora', mas nós, como temos crianças, preferimos vir para o parque onde há mais segurança e melhores condições", esclarece Helena, enquanto anuncia aos filhos uma ida à praia mais próxima. "O único inconveniente", diz, "prende-se com as deslocações", já que qualquer saída do parque exige a retirada dos toldos, mesas e oleados colocados no chão.
O jovem casal, de 36 e 33 anos, já frequenta o local vai para 15 anos, embora optasse antes pela roulote.
Paulo chega do minimercado, usando uma bicicleta como transporte, e apresenta o interior da casa móvel, onde todos os espaços são aproveitados para arrumação e os cantinhos escondem truques e segredos, ora transformando-se em camas, ora regressando ao formato de mesa de refeições.
A presença do termoacumulador, da televisão e do exaustor provam aliás a teoria de Helena de que passar duas semanas na autocaravana é quase o mesmo que estar em casa. As diferenças passam pelas idas à piscina ou às praias da região, e das amizades estabelecidas entre a comunidade campista do mais antigo parque de campismo da aldeia. "Tem um ambiente muito familiar, é a solidariedade do campista", conta.
Os filhos, Gonçalo, de nove anos, e Margarida, de cinco, são quem mais beneficia do meio, conservando 'amiguinhos' de uns anos para os outros. No parque, a família de Carcavelos começa o dia cedo, com o amanhecer dos "piolhos", que se apressam a tomar o pequeno-almoço e a procurar os balneários para tomar um duche. "Depois, vêem um bocado de televisão, e vamos todos para a praia ou para a piscina. Se o tempo não estiver bom, os miúdos vão a 'casa' dos amiguinhos aqui acampados", relata Helena.
O almoço é feito na viatura, com capacidade para quatro pessoas. A um breve momento de descanso, segue-se nova ida à Praia Pequena. O dia acaba com uma volta pelas ruas da aldeia, no Verão repletas de turistas, estrangeiros e nacionais.
Na aldeia, outrora piscatória, as autocaravanas são cada vez mais o 'alojamento' de muitos turistas, a maioria dos quais procura as arribas com vista para a praia. "Chegam a ser às duzentas", diz o presidente da Junta de Freguesia, José Manuel Arsénio, a quem a presença dos autocaravanistas apenas agrada quando feita nos parques de campismo.
"A maioria não respeita o meio onde está: ocupa todos os parques de estacionamento junto às falésias, deita o lixo para o chão e faz despejos nas casas de banho públicas", aponta o autarca. Até ao ano passado, Porto Covo tinha uma área destinada a autocaravanistas, com local próprio para efectuar despejos e reabastecer de água. O terreno, propriedade privado, entrou em obras, deixando estes turistas sem alternativa.
O cenário desagrada a Anabela Vítor, que viaja habitualmente de Alenquer com o marido, as filhas, e o pequeno cachorro, com paragem marcada na região. "Devia haver condições para os autocaravanistas, já que há tantos nesta zona. Era preferível que as pessoas até tivessem que pagar alguma coisa do que andarem a despejar as porcarias por esses montes fora", defende a turista, estacionada perto da Samouqueira. A hipótese de frequentar um parque de campismo está, para Anabela, fora de questão, já que a finalidade das autocaravanas, veículos caros e imponentes, é "parar onde se apetece". Agência Lusa