Ex-GNR pode ter matado uma quarta mulher
Mortas em série. Três raparigas adolescentes desaparecidas, dois cadáveres encontrados, suspeitas de mais corpos por desvendar na barragem da Aguieira e um só suspeito: António Luís Rodrigues da Costa, 53 anos, cabo da GNR na reserva. O terror tomou conta de Santa Comba Dão, vila onde desapareceram Isabel Cristina Isidoro, Joana Margarida e Mariana Oliveira. A PJ assume que se trata de um serial killer e admite que, caso não fosse detido, anteontem à noite, António voltaria a matar. E que pode ter matado outras vezes num passado mais distante.
As buscas efectuadas em casa do suspeito e declarações recolhidas pela PJ junto de uma rapariga que estava a ser assediada por António Costa apontavam para a possibilidade de vir a ocorrer um novo crime.
Ontem, depois de ouvir António Costa durante mais de seis horas, a juíza do Tribunal da Figueira da Foz aplicou-lhe a prisão preventiva por suspeita de três homicídios qualificados e ocultação de três cadáveres.
António Costa regressou à Figueira um ano depois de ter sido encontrado o cadáver de Cristina, na praia do Cabedelo. Entrou no tribunal figueirense às 16. 14, com a cara tapada, deixando antever umas mãos grandes, num corpo franzino. Mas não este ainda não é o fim de várias histórias de terror. Suspeito de três crimes de homicídio qualificado, António continua a ser alvo da investigação da PJ. A identidade de uma das jovens, que apareceu sem cabeça e pernas na albufeira do Coiço (Penacova), continua envolta em mistério e aguardam-se agora os exames de ADN. Avolumam-se, pois, as dúvidas sobre a real dimensão dos actos cometidos por António.
Em finais de Maio do ano passado, um crime horrendo abalou a Figueira da Foz. Uma rapariga aparecera enrolada em sacos de plástico e escondida num grande saco de adubo, vítima de sevícias violentas. Foi encontrada em cima das rochas, junto ao parque de campismo da praia do Cabedelo (Figueira da Foz). Na altura, ninguém suspeitava como fora ali parar o cadáver. O macabro achado foi encontrado por um pescador da Cova-Gala (Figueira da Foz) quando este apanhava perceves. Na altura, os investigadores da Directoria de Coimbra da Polícia Judiciária lançaram então um apelo pelas diversas polícias para encontrar informações sobre alguma participação de desaparecimento de uma rapariga com as características da vítima que teria entre 16 a 19 anos, media 1,60 de altura, cabelo castanho. Vestia umas calças de ganga e uma blusa. Na primeira análise que foi efectuada ao local e ao corpo da jovem logo se concluiria tratar-se de um homicídio. O macabro achado deixaria perplexo o jovem pescador. Quando reparou que o saco continha um corpo humano alertou as autoridades. Três agentes da PJ analisaram ao pormenor a zona envolvente, o espaço onde o saco foi encontrado e o corpo da vítima, que apresentava alguns ferimentos e estava, também ele, envolto em sacos, alguns amarrados e entrelaçados às pernas e braços.
Em Novembro do ano passado desaparecia, sem deixar rasto, a Mariana, aluna da Escola Superior de Tecnologias e Gestão de Oliveira do Hospital. Seis meses depois, a 8 de Maio, era a vez de Joana Margarida Oliveira, que havia ficado um pouco transtornada com a ausência da amiga. De desaparecimento em desaparecimento, os investigadores da PJ foram juntando peças deste puzzle.
O tio de Joana, Vasco Gomes Borges, 54 anos, desempregado, fez questão de estar à porta do tribunal enquanto António era ouvido no primeiro interrogatório. "Soubemos que ele disse que tinha atirado umas raparigas à albufeira da Aguieira, viemos desde Santa Comba sempre atentos às margens do rio."
António terá consumado o primeiro crime um mês depois de passado à reserva. Os investigadores estão convictos de que ele voltaria a matar e admitem que não apareçam todos os cadáveres deste crime.