A conclusão da venda do Novo Banco ao fundo norte-americano Lone Star vai levar a instituição para uma nova fase mas, até lá, o foco continuará a passar pela redução do crédito malparado. António Ramalho, o CEO, está confiante no sucesso da venda, apesar de as várias barreiras que ainda têm de ser ultrapassadas e que são condição para a conclusão do negócio..A proposta da Lone Star "tem o equilíbrio adequado para ser um acordo que dá os passos definitivos para a sua conclusão", afirmou António Ramalho, na apresentação das contas de 2016 - prejuízos de 788,3 milhões de euros, uma melhoria de 15%. O gestor considerou de "expectativa positiva" que o fecho da operação ocorra no verão, como é esperado. E apesar das várias condições para que a operação tenha sucesso - luz verde do BCE e de Bruxelas e a troca voluntária de obrigações para angariar 500 milhões de euros -, António Ramalho garantiu que não está a trabalhar numa alternativa. "Não se constroem planos B, executam-se os planos que estão assinados.".A troca de obrigações é o ponto mais delicado do acordo desenhado com o Lone Star. Esta troca é voluntária, como já garantiu o primeiro-ministro António Costa, mas se não tiver adesão a operação não avança. As linhas abrangidas pela operação estão avaliadas em 3,2 mil milhões de euros, em diferentes maturidades: 1,7 mil milhões com maturidade até 2022 e o restante com maturidades longas..Os termos da troca só serão conhecidos dentro de seis semanas, mas o mercado prevê que os investidores terão de assumir perdas, alterações nas maturidades ou um juro menor. António Ramalho, mostra-se confiante no sucesso da operação. "Se uma obrigação tem uma taxa elevada é porque há risco. Acredito que o investidor ficará satisfeito se ficar com um ativo de menor risco." Mas questionado sobre se a troca será por obrigações com menor risco, limitou-se a dizer que "é necessário esperar pelo desenho final da operação"..O processo de venda levou a que o banco avançasse com uma redução quer dos custos operacionais quer dos créditos problemáticos. O ataque ao malparado é um dos focos da equipa de gestão. Assim, registou-se um reforço das provisões totais em 1,347 mil milhões de euros, com as imparidades a incluir 672 milhões para crédito, 315,9 milhões para títulos e 386,2 milhões para outros ativos.."Pela primeira vez reduz-se o crédito malparado, de 11,3 mil milhões para 12,3 mil milhões, uma descida de cerca de mil milhões, o que indica que vamos na direção correta no sentido de reduzir o malparado.".O Novo Banco avançou também com a redução de ativos do side bank, que passaram de 10,8 mil milhões para 8,7 mil milhões. Em curso está também a venda da seguradora GNB Vida. "Já fizemos a seleção da instituição que vai proceder à venda e estamos a preparar o data room." O objetivo é avançar com a venda ainda este ano..Apesar da redução dos prejuízos, os resultados de 2016 foram "penalizados pelo elevado esforço de provisionamento" de 1,375 mil milhões e também provisões para reestruturação de 98,2 milhões e uma amortização de 130 milhões de euros relacionada com a atividade seguradora..O aumento do resultado operacional foi de 209%, para 388,6 milhões de euro s. No crédito a carteira reduziu para 33,8 mil milhões de euros. Nos depósitos registou-se um aumento de 900 milhões no quarto trimestre para um total de 25,6 mil milhões de euros.