É oficial, o castigo acabou

Publicado a
Atualizado a

Anders Breivik matou 77 pessoas, dos mortos, 68 eram adolescentes, longamente caçados. Um rapaz, 17 anos, atrás duma rocha, maldizendo a respiração de medo que o denuncia, a bala e ele acabou. É-me insuportável: 77 é um número, a maioria serem jovens, um conjunto, mas aquele rapaz que acabou, um absurdo. Insuportável. Breivik foi condenado à pena máxima, 21 anos, o que é só outro número porque me tranquiliza que ele nunca seja libertado enquanto for considerado perigoso. E nenhuma justiça poderá alguma vez deixar de ver o perigo em Anders Breivik (espero). Na prisão, ele tem três celas só para ele, uma televisão, PlayStation, máquina de escrever, aparelhos de musculação, livros e jornais - e come o mesmo dos outros presos. Nada a dizer, só faço o rol porque Breivik queixou-se de "tratamento inumano" por estar isolado. O tribunal deu-lhe razão, até os "assassinos não podem ter tratamento inumano", diz a sentença que condenou a Noruega a acabar com o isolamento de Breivik. Humano, inumano, vasta discussão... Não vou por aí, prefiro lembrar: as penas têm várias funções e quase todas, agora, só com um destinatário, a sociedade. Prendendo o culpado, este fica neutralizado, o exemplo fica dado e os candidatos a crimes ficam prevenidos - e a sociedade fica servida. Fica? Não fica, porque apagaram outra função da pena: castigar o condenado. No melhor dos mundos, talvez um passo civilizacional. Neste, outro absurdo. Eu quero Breivik castigado.

Artigos Relacionados

No stories found.
Diário de Notícias
www.dn.pt