Duplo atentado contra universidade mata 70

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Um kamikaze, uma viatura armadilhada. Foi o quanto bastou para matar, ontem, 70 pessoas, pelo menos, num duplo atentado contra a Universidade de Mustansiriyah, em Bagdad - a mesma onde se licenciou em Ciências Políticas Barzan al-Tikriti, ex-irmão de Saddam Hussein, enforcado na segunda-feira. As vítimas são estudantes, professores e funcionários, admitindo-se, pelo elevado número de feridos (138), que o balanço possa ser mais dramático.

Este ataque foi perpetrado no mesmo dia em que as Nações Unidas divulgaram um relatório dando conta de que, em 2006, a violência confessional no Iraque causou 34 452 mortos - o que corresponde a uma média de 94 por dia - e 36 885 feridos. Quase o triplo, portanto, dos 12 mil mortos avançados anteriormente pelo Ministério do Interior iraquiano. A estes números há ainda a acrescentar 470 094 pessoas forçadas a abandonar as suas casas.

E, precisamente, "Bagdad está no centro da violência confessional", ali se registando quase metade (16 867) do total de mortos, afirma-se no relatório da ONU, a cargo do enviado especial, Gianni Magazzeni.

Admite a Casa Branca: "É 100% óbvio que o balanço das vítimas civis é demasiado elevado." A culpa, porém, não morre solteira, sendo atribuída à "actividade deliberada de terroristas que se servem da morte de civis não só para tentar expulsar os Estados Unidos do Iraque, mas também para ganhar terreno".

O porta-voz da Casa Branca diz que "todos os mortos são algo lamentável e inaceitável, mas, infelizmente, é uma guerra".

Aziz quer viver em Itália

Tarek Aziz, antigo vice-primeiro-ministro do Iraque, quer "viver em paz em Itália" enquanto aguarda julgamento e, nesse sentido, escreveu duas cartas - uma ao Governo de Roma, outra ao Vaticano - das quais é portador o seu advogado, Giovanni Di Stefano. E é só "nas mãos do Papa" que a segunda deve mesmo ser entregue. Não que Aziz conceba sequer o cenário de ser executado, como sucedeu aos sunitas Saddam Hussein, Barzan al-Tikriti e Awad al-Bandar, mas porque estará doente. "A vida de Tarek Aziz não está em perigo, não o executarão porque ele é cristão", garantiu Di Stefano. Acrescentando: "É um homem gravemente doente a necessitar de cuidados médicos urgentes que não lhe são facultados na prisão onde se encontra." A prisão americana de Camp Cropper, em Bagdad, sua morada nos últimos 44 meses.

Aziz, de 70 anos, é, nomeadamente, suspeito de envolvimento na morte de xiitas e curdos em 1991.

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