Droga para cavalos já tinha sido detetada em cadeia e não houve denúncias
A intoxicação química com a droga para cavalos (ketamina) que deixou oito reclusos da cadeia de Castelo Branco em estado grave já teve paralelo, na mesma prisão, no início do ano. Segundo contam fontes prisionais, houve um preso que apresentou sintomas de doença súbita e teve de ser retirado da escola da prisão, onde estava a receber formação, para a enfermaria prisional. O recluso foi submetido a uma lavagem ao estômago e ficou bem.
"Grave é que o caso não foi participado à hierarquia. Os clínicos que o assistiram tinham de denunciar. O graduado de serviço devia ter escrito a ocorrência no relatório. E o chefe dos guardas devia ter informado a diretora da cadeia de Castelo Branco", afirmou, em tom crítico, Jorge Alves, presidente do Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional. O dirigente sindical também só soube deste episódio anterior agora, depois da intoxicação coletiva em Castelo Branco. Garante ter dado conhecimento do mesmo, ontem, ao diretor geral da Reinserção e Serviços Prisionais (DGRSP), Rui Sá Gomes. "O diretor geral não sabia de nada", afirmou Jorge Alves.
A ketamina é de fácil transporte. Vai em meias, nos bolsos, no forro de um casaco, como descreve fonte prisional. Desfeito em pó, o anestésico para cavalos pode ser "fumado" no tabaco normal.