Dois bebés com espinha bífida foram operados ainda dentro do útero

Foi a primeira vez que a operação feita no Reino Unido. Embora a espinha bífida, que implica um defeito na formação do tubo neural, frequentemente seja tratada depois do nascimento, quanto mais cedo a intervenção for feita maior é a eficácia, dizem estudos
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Ainda não nasceram, continuam no útero da mãe, mas já estiveram numa sala de operações. Semanas antes da data prevista para o nascimento, estes dois bebés, que tinham espinha bífida, foram operados por uma equipa de 30 médicos do hospital universitário de Londres, conta a BBC.

Esta foi a primeira vez que a operação foi feita no Reino Unido. Antes, os britânicos tinham de procurar este serviço médico nos Estados Unidos, Canadá, Bélgica ou Suíça, onde já é praticado.

Embora a espinha bífida, que implica um defeito na formação do tubo neural, frequentemente seja tratada depois do nascimento, quanto mais cedo a intervenção for feita maior é a eficácia e os benefícios para a saúde a longo prazo. A intervenção traz, ainda assim, um risco de nascimento prematuro.

A operação de 90 minutos em que os médicos abrem o útero da mãe e reparam o defeito na medula espinal do bebé estreou-se no Reino Unido neste verão.

"Sedámos a mãe para ajudar a relaxar os bebés, mas ainda assim há um risco", afirmou à BBC a professora do hospital universitário Anne David, que nos últimos três anos tem trabalhado para levar esta operação ao Reino Unido, onde de acordo com a instituição de caridade Shine todos os anos mais de 200 crianças nascem com espinha bífida.

"Há crianças que cresceram depois da cirurgia fetal que [hoje] andam e não se esperaria que andassem se não tivessem sido operados" acrescentou Anne David, apoiando-se em estudos realizados nos Estados Unidos.

Esta cirurgia foi feita pela primeira vez nos Estados Unidos em 1997 no Vanderbilt University Medical Center, que com a Universidade da Califórnia e o Hospital Pediátrico de Filadélfia desenvolveram o estudo publicado então no New England Journal of Medicine, onde mostravam que os benefícios da cirurgia fetal para a espinha bífida eram superiores ao da operação realizada após o nascimento do bebé.

A prevenção da espinha bífida é feita através do ácido fólico, que a mulher é aconselhada a tomar ainda antes de engravidar. Não são conhecidas as causas desta malformação.

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