Factor social "Ainda há muitos constrangimentos sociais à volta do melanoma, mas isto é algo que se estende a outras formas graves de cancro", confirma António Picoto, presidente da Associação Portuguesa de Cancro Cutâneo. "As pessoas sentem que, se expuserem o seu caso, vão prejudicar a vida pessoal e profissional. No trabalho, por exemplo, têm medo de reconhecer que vão ter de faltar, de estar de baixa e não vão conseguir ter o rendimento desejável.". A psicóloga clínica Cláudia Costa, da União Humanitária dos Doentes com Cancro, reconhece que as pessoas com melanoma enfrentam vários problemas sociais. "Está na pele, são manchas, é um tipo de cancro que é visível. Os doentes tendem a esconder por baixo das roupas ou a isolar-se com medo que a outra pessoa pense que é contagioso", sublinha a psicóloga, acrescentando: "Infelizmente, ainda há quem me pergunte se o cancro é contagioso. O que demonstra o estado de ignorância em que vive a nossa sociedade.".Segundo Cláudia Costa, esta situação limita a qualidade de vida dos doentes, que têm tendência "a esconder-se dentro de si mesmos", a isolar-se e a entrar em depressão. ."As pessoas não gostam de ser rotuladas de cancerosas, nem sequer de pensar que possam estar no grupo dos que estão condenados. Por isso não dizem que estão doentes", acrescenta a dermatologista Vera Monteiro Torres..Já a oncologia Maria José Passos acredita que são as pessoas de fora que discriminam os doentes e que estes lidam melhor com o problema. "Mas a sociedade parece estar a mudar", conclui.