Documentários substituíram investigação jornalística
Numa entrevista à BBC News, Robert Redford, que interpretou o papel de um jornalista no filme "Os Homens do Presidente" (1976), sobre o caso Watergate, que envolvia o presidente norte-americano Richard Nixon, o ator sustenta que os atuais padrões dos jornais "estão em grande declínio".
"Por isso os documentários se tornaram tão importantes. São provavelmente uma melhor forma de verdade", opinou o organizador do Festival Sundance, criado por Redford em 1978, para exibir e promover o cinema independente nos Estados Unidos.
O realizador falava à BBC a propósito da primeira edição do Festival Sundance em Londres, que vai decorrer de 26 a 29 de abril, no Arena O2.
Vários documentários que foram exibidos no festival, em janeiro, nos Estados Unidos, vão ser mostrados em abril, em Londres.
Em "Os Homens do Presidente", de Alan J. Pakula, Redford interpretava Bob Woodward, um dos dois jornalistas do Washington Post que investigaram o escândalo Watergate, levando diretamente à resignação do presidente norte-americano.
Na entrevista à BBC, o ator, de 75 anos, sublinhou que aquelas revelações "marcaram um ponto alto para os jornais norte-americanos".
"Eu apareci numa altura em que o jornalismo atingiu o topo em moralidade e profissionalismo, e por isso tive muita sorte. Os instrumentos da responsabilidade foram substituídos pela notícia sensacionalista em primeira mão", lamentou.
"Isto prejudicou o jornalismo. No meu país, as pessoas interrogam-se onde podem saber a verdade", acrescentou.
Ao contrário da pressão feita nos jornais - argumenta - a possibilidade de o cinema proporcionar mais tempo aos realizadores, "dá-lhes a oportunidade de investigar mais profundamente os temas".