Dívidas aumentam no crédito ao consumo

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Crédito malparado sobe 15% neste tipo de empréstimos

O crédito concedido pelos bancos continua a aumentar e as dificuldades em pagar as prestações também. Apesar do aumento dos juros e de critérios mais apertados por parte da banca, na atribuição de empréstimos, o crédito total a particulares subiu 10,6% em Janeiro último face a igual período do ano passado, de acordo com o boletim estatístico de Março, do Banco de Portugal.

Mas se no crédito à habitação os portugueses vão conseguindo cumprir com as suas obrigações perante a banca e não aumentar o seu incumprimento, já no que respeita ao crédito ao consumo, os números são mais preocupantes: o rácio de crédito malparado sobre o crédito total concedido para este efeito passou de 3,2%, em Janeiro de 2007, para 3,7% em igual mês deste ano, ou seja, uma subida de 15,6%.

A explicação é simples. Além de ser este tipo de empréstimo que cresce a um nível mais acelerado - mais 18,9% de Janeiro a Janeiro -, quando as dificuldades financeiras começam a bater à porta das famílias portugueses, são as prestações do carro, da mobília ou do cartão de crédito as primeiras a deixar de serem pagas.

Tendo em conta os valores absolutos, os empréstimos ao consumo em situação de cobrança duvidosa aumentaram 37%, passando de 382 milhões para 524 milhões de euros, de Janeiro a Janeiro. Contudo, o crédito ao consumo representa apenas 8,9% do crédito total concedido em Portugal, ascendendo o seu saldo a 13,7 mil milhões de euros em Janeiro último.

No mesmo mês, o saldo total de crédito concedido a particulares ascendeu a 128 mil milhões de euros, dos quais 2,2 mil milhões (1,7%) encontravam-se em situação de cobrança duvidosa. Este rácio é sensivelmente igual ao de Janeiro de 2007. Entre estes meses de 2007 e 2008, os montantes absolutos de crédito malparado subiram 10,1%, uma subida quase igual ao aumento do total de crédito concedido.

Habitação estável

Com 79% do crédito concedido a particulares, até Janeiro último, destinado à compra de casa, a evolução deste tipo de empréstimos mantém-se estável. O total de crédito concedido para habitação cresceu 9,8% nos meses em análise, para os 101,3 mil milhões de euros.

Os empréstimos em situação de cobrança duvidosa destinados à compra de casa correspondiam, em Janeiro último, a 1,2% do total concedido para este efeito, um rácio mais baixo do que o verificado no crédito total e nos empréstimos ao consumo.

Este rácio mantém-se constante, quando comparado com igual mês do ano passado, o que poderá significar, por um lado, um esforço por parte dos portugueses em pagar a tempo e horas as prestações da casa; ou ainda um maior recurso, por parte da banca, à venda de carteiras de crédito hipotecário, através das conhecidas operações de titularização de créditos.

Se olharmos para a evolução dos montantes absolutos de crédito malparado destinado à compra de casa, de Janeiro a Janeiro, verifica-se um aumento de 12%, passando de 1,1 mil milhões no primeiro mês de 2007, para 1,2 mil milhões de euros em igual período deste ano. No entanto, esta variação não espelha correctamente a realidade do incumprimento, uma vez que deve ser analisada em função dos montantes totais concedidos em cada período, que não evoluem de forma simétrica.

Atendendo aos volumes totais, cerca de 57% do crédito malparado existente no sistema financeiro é relativo aos empréstimos à habitação, enquanto 23% é gerado pelo crédito ao consumo.

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