Dissidente do CDS-PP anuncia criação de novo partido

Paulo Freitas do Amaral afirma que "é urgente existir uma alternativa centrista em Portugal", acusando o CDS-PP de se ter desviado dos valores dos seus fundadores.
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Acusando "o grupo próximo" de Manuel Monteiro e de Paulo Portas, que está "na liderança do partido desde 1993", de preferir ver "o partido morrer" pela "recusa definitiva do centrismo", o militante Paulo Freitas do Amaral - primo do fundador do partido, Diogo Freitas do Amaral (1941-2019) - anunciou ontem, em comunicado, que deixou o CDS-PP, pretendendo também fundar um novo partido.

Para o demissionário, o CDS-PP "deixou de cumprir os valores que os seus fundadores quiseram implementar na sociedade portuguesa". "Na perspetiva de Paulo Freitas do Amaral, o grupo próximo de Paulo Portas e Manuel Monteiro, na liderança do partido desde 1993, prefere ver o partido morrer, recusando definitivamente o centrismo e recusando ouvir e permitir os militantes mobilizarem-se e dialogarem dentro do partido", lê-se no seu comunicado, divulgado pela Lusa.

Paulo Freitas do Amaral - que foi candidato do CDS-PP à Câmara de Oeiras em 2013, não obtendo mais do que 2631 votos (3,81 por cento), ficando, portanto, longe de ser eleito vereador - alega que foi "boicotado em diversas iniciativas que tentou realizar no CDS" nos últimos meses. "A palestra cancelada na Concelhia da Amadora por ordem de Nuno Melo, a falta de ideias do líder para Portugal, muito semelhantes ao Chega, o Congresso prometido pelo líder do CDS em meados de 2023 mas que não se realizou, e as últimas declarações de Nuno Melo, que possibilitam uma coligação de poder com aquele partido nas próximas eleições da Madeira, em setembro, foram a "gota de água"" que fizeram Paulo Freitas do Amaral entregar o seu cartão de militante, procedimento este já aceite pelos serviços de secretaria do CDS, segundo escreveu no seu comunicado.

O centrista adianta que pretende fundar um novo partido, sustentando que "é urgente existir uma alternativa centrista em Portugal e que responda à defesa dos costumes, tradições, mas não esquecendo que o Estado Social pode diminuir a diferença entre pobres e ricos na sociedade portuguesa".

No passado dia 21 de julho, o presidente do CDS-PP defendeu que o PSD e o CDS, que concorrem coligados às eleições regionais da Madeira deste ano, não devem fazer acordos pós-eleitorais com o Chega e a Iniciativa Liberal, acusando-os de serem partidos "imaturos". O presidente do CDS-PP ressalvou, ainda assim, que respeita a autonomia e que a resposta sobre eventuais acordos com aqueles dois partidos "tem de ser dada pelo CDS/Madeira".

O PSD/Madeira também não tem descartado eventuais acordos pós eleitorais com o Chega, na sequência das próximas eleições legislativas regionais, marcadas para setembro, caso a coligação PSD-CDS vença sem maioria.

O eventual novo partido de Paulo Freitas do Amaral é mais um contributo para a proliferações de partidos à Direita, de que a criação do Chega e da Iniciativa Liberal são exemplos.

Em março, a antiga vice-presidente do Aliança, Ossanda Liber, anunciou a entrega no Tribunal Constitucional visando a criação de um novo partido chamado "Nova Direita". Ossanda concorreu como independente à Câmara de Lisboa nas últimas eleições locais, não obtendo mais do que 864 votos (0,36 por cento). Apesar da entrega das assinaturas, a Nova Direita não consta na lista, disponível no site do TC, das 23 formações partidárias reconhecidas como oficialmente existentes.

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