Disco: David Fonseca com inquietação pelas coisas novas

O músico David Fonseca leva quase uma década a solo e tem vários discos de platina, mas defende que um artista deve ter sempre uma certa inquietação e nunca viver à sombra do passado.
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No dia 21, sai "Rising", o primeiro capítulo de um álbum novo, "Seasons", que só ficará completo com um segundo capítulo, "Falling", a editar a 21 de setembro.

Ambos formam o quinto álbum de originais, desde que David Fonseca findou em 2002 o trabalho com os Silence 4.

A edição de "Rising" e todo o percurso a solo seriam motivos para não se voltar a falar dos Silence 4, que está num passado mais ou menos distante.

Mas foi o próprio David Fonseca que, para contar a génese do novo disco, explicou à Agência Lusa a relação com o sucesso passado e com a ideia de carreira artística na música portuguesa.

Para o músico, "todos os artistas que tentam viver à sombra de um certo sucesso por norma desaparecem ou cristalizam-se numa caricatura deles próprios", por isso é preciso sentir-se uma "inquietação e tentar perseguir algo que seja novo".

"Não tenho paciência nenhuma em fazer uma profissão artística 'nine to five' [das nove às cinco]. E os artistas não podem ser um descanso aos olhos de quem os vê. Não é o papel deles", defendeu.

"Seasons" é editado num modelo que não tinha experimentado antes: uma soma de dois discos que são uma cronologia de momentos de um ano da vida do artista.

O primeiro disco começou a ser feito a 21 de março de 2011 e o alinhamento revela a ordem pela qual as canções foram compostas, de "Under the willow" a "Would love gone and love you again".

"Todas as histórias deste disco são estupidamente pessoais", mas não é um trabalho autobiográfico, porque fala de coisas que são invisíveis para os outros, explicou.

Como o primeiro disco foi feito numa altura que ainda andava em digressão, a instrumentação e os arranjos de "Rising" são mais enérgicos.

O primeiro disco, no qual sobressaem jogos melódicos com sintetizadores, com a participação de Rui Maia (dos X-Wife), aparenta ser mais festivo. No disco entram ainda Catarina Salinas (Best Youth), o pianista Filipe Melo, Helder Gonçalves (Clã) e o habitual núcleo duro de músicos que acompanham David Fonseca.

O segundo disco já vai ser quase um negativo deste, mais contemplativo, porque foi composto depois da digressão, em casa, refletindo a entrada no outono, o Natal e mudança de ano, referiu.

"Quando chegamos ao estúdio eu sinto que há qualquer coisa que tem a ver com o zero, com o começar de novo. A sensação do vazio obriga-te a descobrir coisas e a não repetir coisas que fizeste", disse David Fonseca.

E tem sido assim, garantiu, desde os tempos dos Silence 4, porque o sucesso repentino, com salas esgotadas e milhares de exemplares vendidos, fizeram-no relativizar tudo.

"Eu continuo é a espantar-me com o facto de as pessoas inserirem a minha música na vida delas. Isso para mim é o maior elogio que me podem fazer", rematou.

"Rising" será apresentado em três concertos, de 03 a 05 de abril, em Lisboa (Sala TMN), Coimbra (Teatrix) e Porto (Hard Club), respetivamente.

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