Em reação enviada à Lusa sobre a divulgação do manifesto assinado por todos os diretores clínicos e responsáveis de especialidade do Centro Hospitalar Universitário de Lisboa Central -que engloba os hospitais de São José, Curry Cabral, Dona Estefânia, Santa Marta, Santo António dos Capuchos e a Maternidade Dr. Alfredo da Costa -- o diretor clínico do CHULC, Luís Nunes, declarou que foi "com surpresa" que tomou conhecimento da divulgação pública de um documento interno, aprovado em reunião da Comissão Médica.."Desconheço se é o documento aprovado nesta reunião ou uma versão diferente, o que não é irrelevante. Em qualquer circunstância, enquanto diretor clínico, considero que a divulgação pública deste documento interno da Direção Clínica nos termos em que foi feita é completamente inadequada e ilegítima e não serve os interesses do CHULC. Será a última vez que enquanto diretor clínico me pronunciarei sobre este assunto", afirmou Luís Nunes à Lusa..O diretor clínico do CHULC disse também que lembrou no início da reunião da Comissão Médica que este é "um órgão técnico que reúne institucionalmente" e que os assuntos tratados e documentos aprovados deviam ser-lhe remetidos "para os encaminhar para as instâncias adequadas"..No documento, a que a agência Lusa teve acesso, os signatários afirmam que têm alertado ao longo destes últimos anos, através de cartas e ofícios dirigidos às estruturas hierárquicas, para os constrangimentos vários que impedem a realização da sua principal função: "Assistência de qualidade aos doentes" que os procuram.."A ausência sistemática de respostas cabais aos nossos pedidos faz-nos sentir ser chegado o momento de trazer à consideração superior e ao conhecimento público" a situação de "elevada degradação das condições de trabalho" no CHULC..Além da deterioração das condições de trabalho, "com riscos para quem mais interessa, os doentes, esta situação comprometerá no curto prazo a capacidade assistencial, levando ao encerramento de serviços, a começar pelos das diversas urgências que o centro hospitalar disponibiliza, por falta de condições mínimas, ou ausência mesmo de quaisquer condições de elementar segurança para o seu normal funcionamento", alertam os responsáveis..Segundo os diretores clínicos, a degradação das condições de trabalho tem vindo a instaurar-se ao longo dos últimos anos, assumindo diversos matizes, tais como a progressiva perda de autonomia na gestão, a incapacidade de influenciar o desenvolvimento tecnológico dos serviços ou, mais recentemente, a capacidade de reter talentos profissionais emergentes. ."Este facto afeta o presente, e compromete gravemente o futuro", alertam no manifesto. .Os signatários acrescentam que esta degradação "envolve a dotação de pessoal médico, de pessoal técnico e de enfermagem, a disponibilidade de material de consumo, a introdução de equipamento especializado, o investimento na inovação, e a mera logística para o normal exercício profissional". ."O trabalho diário passou a gestão permanente de crises", afirmam, considerando "estar agora seriamente comprometida a sua dupla capacidade de prestação assistencial e de treino médico"..A Rádio Renascença avança que os signatários vão enviar o manifesto ao Presidente da República e ao Governo e que estes dão um mês para que a situação mude ou reservam-se o direito de avançarem para outras medidas que não especificaram.