Um frasco de farmácia em vidro moldado, de 1825; dois tordos em biscuit moldado e relevado, de 2003. Acompanhando a marcha do tempo, 178 anos separam o mais antigo e o mais recente dos 214 lotes que, hoje, integrarão mais um Leilão Vista Alegre, a realizar em Lisboa, pela Cabral Moncada (Rua Miguel Lupi, 12D). Oitava venda de peças promovida pela empresa, a presente edição será também um retrato-síntese da trajectória de uma das mais antigas marcas portuguesas - trajectória iniciada em 1824, com cristais e vidros, primeira área de produção antes da sua especialização na porcelana..Entre os lotes que, a partir das 16.00, irão à praça, vários há de particular interesse para os coleccionadores - o que equivale a dizer que serão particularmente disputados também. As esculturas Casal de Perdizes e Flamingossão dois desses casos: provenientes de séries limitadas e numeradas - a primeira de 150 exemplares, a segunda de cem -, ambas se tornaram "caso emblemático" dos leilões da marca, como lembram ao DN João Pinto Basto, brand manager da Vista Alegre, e Paula Matos, responsável pelos projectos especiais do departamento de design da empresa e membro da comissão de selecção e avaliação de peças a leiloar. Vendido em 1970 por dez mil escudos, um exemplar da série Casal de Perdizes alcançou, em 2004, o valor de 18 500 euros. Na mesma linha, um exemplar da série Flamingos, adquirido em 1974 por 20 mil escudos, foi, também em 2004, vendido por 4600 euros..As esculturas de aves integradas em séries limitadas constituem, aliás, um dos destaques do leilão de hoje, que fará desfilar, entre outras tipologias, peças de mesa e de cunho religioso, peças brasonadas e figuras decorativas. Especialmente procuradas, lembra Paula Matos, são também as peças de cunho publicitário, os paliteiros e os serviços de chá e café. "Antiguidade e raridade" são, por outro lado, dois dos critérios essenciais de escolha de quem colecciona, tendo a Vista Alegre o seu clube próprio desde 1985..Para a empresa, a realização de leilões regulares representa também uma oportunidade para aprofundar o conhecimento do seu percurso. "Permitem-nos conhecer melhor a nossa história", refere João Pinto Basto, sobretudo no plano das tendências que a casa foi abraçando. "Uma história muito rica, que importa valorizar também através destas iniciativas" e que, por outro lado, "serve de inspiração para soluções que apresentamos hoje ao mercado"..Esse legado, importante também do ponto de vista da história da arte, é campo vasto para a investigação, seja pelo estudo dos arquivos da fábrica, seja pelo estudo de peças ou períodos de produção. Projectos a que, diz Paula Matos, "damos todo o apoio". Parte dessa experiência guarda-se no Museu da Vista Alegre, criado em 1964 e parte integrante das instalações da empresa, em Ílhavo.|