"Detesto democratas de sofá. Levam-se muito a sério, julgando e decretando certezas"
A sua virtude preferida?
Dizem-me: és um construtor de pontes, um conciliador...
A qualidade que mais aprecia num homem?
Gosto muito de um olhar terno e sincero.
A qualidade que mais aprecia numa mulher?
O cuidado no detalhe.
O que aprecia mais nos seus amigos?
Na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, garantidamente todos os dias da nossa vida.
O seu principal defeito?
Os meus filhos dizem-me que lido mal com as minhas fragilidades. Fico triste. Mas recomeço...
A sua ocupação preferida?
O passeio matinal por Arroios vendo a cidade de muitas gentes e origens a acordar; o copo de vinho bem acompanhado ao crepúsculo; o bom argumento da mulher e dos filhos...
Qual é a sua ideia de "felicidade perfeita"?
Acho redutor o conceito. É cada vez mais um percurso que se constrói pelas ocupações preferidas.
Um desgosto?
O ano de 2021 resolveu-me um deles. Os meus filhos fervorosos adeptos puderam juntar "Ganhámos" a "o Sporting é o nosso grande amor". Vivia com esse desgosto.
O que é que gostaria de ser?
Acho que já estou na fase do retribuir. A vida tem-me tratado bem. Sinceramente.
Em que país gostaria de viver?
Definitivamente Portugal. Adoro esta diversidade concentrada que vai do Minho ao Algarve, do Porto Santo ao Corvo.
A cor preferida?
Verde de todos os tipos. Do mais claro no cartão multibanco, ao mais escuro de uma gravata bonita.
A flor de que gosta?
Gosto de muitas. Escolho a violeta lembrando com saudade a minha querida sogra.
O pássaro que prefere?
Gaivota... lembra-me o mar da Madeira e a voz do Neil Diamond no Fernão Capelo Gaivota.
O autor preferido em prosa?
O preferido? Gosto de recordar a amiga conterrânea Helena Marques. O João de Melo. Lá fora, a Isabel Allende. Gosto de textos autobiográficos.
Poetas preferidos?
Em prosa e poesia o José Tolentino Mendonça. O Manuel Alegre.
O seu herói da ficção?
O Arsène Lupin. Um ladrão astuto com muita pinta... reencontrei a sua história na Netflix.
Heroínas favoritas na ficção?
Tem muitos anos, mas gostava da ideia de liberdade da Heidi.
Os heróis da vida real?
Em todo este tempo de pandemia, uma palavra de agradecimento e solidariedade a toda a comunidade da saúde.
As heroínas históricas?
Gosto do milagre das rosas da rainha Santa Isabel.
Os pintores preferidos?
Miró, Vieira... apetece-me juntar a Teresa Gonçalves Lobo.
Compositores preferidos?
Bach. Recordo com muita saudade os festivais Bach na Sé Catedral do Funchal.
Os seus nomes preferidos?
Não desgosto dos nomes do agregado lá de casa: Isabel, Manuel, José e Marta.
O que detesta acima de tudo?
Os democratas de sofá. Cheios de uma pretensa autoridade, levam-se muito a sério, julgando e decretando certezas. Estas certezas são, no entanto, "flexibilizadas" no dia em que o julgado, o acusado, é alguém de quem gostam...
A personagem histórica que mais despreza?
A de todos os tiranos que não só fizeram mal ao seu tempo, como servem de motivação a uma ideia atual de umasociedade intolerante.
O feito militar que mais admira?
Falando do que senti em vida: os 25.
Sendo o 25 de Abril o ato fundador e como consequência o 25 de Novembro. Aí ganhou a democracia e perdeu uma nova revolução.
O dom da natureza que gostaria de ter?
O dom de poder tratar melhor a desigualdade.
Como gostaria de morrer?
Em paz. Com a consciência de ter agido da melhor forma possível no meu metro quadrado.
Estado de espírito atual?
Mesmo em Portugal, sinto que as pessoas estão menos tolerantes umas com as outras. Tenho medo de que tenhamos aprendido pouco...
Os erros que lhe inspiram maior indulgência?
Tudo o que resultando de um impulso tenha reparação.
A sua divisa?
Gosto da ideia de caminho que São Paulo propõe na evangelização e que o poeta espanhol Antonio Machado resume com "Caminante, no hay camino, se hace camino al andar".