Desenhos de Ramos Rosa nos 80 anos
Uma exposição de desenho, intitulada O Rosto do Desenho, de António Ramos Rosa, celebrando os 80 anos do poeta, inaugura-se hoje, às 15 e 30, na Galeria S. Bento (Rua do Machadinho, nº1, em Lisboa), prolongando-se até 15 de Fevereiro.
Na mesma ocasião será lançado um álbum de poesia e de desenhos inéditos de Ramos Rosa, editado pelo Centro Português de Serigrafia que tem como título Vogal Viva.
A obra poética de António Ramos Rosa, como a de Henri Michaux, escreve a crítica de arte Maria João Fernandes, «não é mero contraponto verbal do seu discurso de sinais vivos, que hoje nos apresenta, fugazes, densamente coloridos, ou de um megrume palpitante que duplica os enigmas que lhe estão subjacentes. Mas uma voz que torna audível, compreensível, o maravilhoso que preside a toda a experiência estética, estado que nos devolve "o jardim exaltado" (Henri Michaux) do paraíso, sublimando um terror, um espanto originários e inseparáveis da condição humana».
De acordo com Maria João Fernandes, a contaminação entre as linguagens da poesia e da pintura na modernidade vem de uma tradição europeia que passa pelos gregos, Idade Média, Barroco e pelos pioneiros que renovaram esta tradição Mallarmé e Apollinaire.
No caso de Ramos Rosa, o desenho tem vindo a acompanhar a sua obra, como sinal caligráfico evocando a fragilidade da poesia.