Dérbi de Évora decide subida do Juventude ou descida do Lusitano

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A forte rivalidade entre adeptos não se espelha dentro do campo

Évora vive amanhã um dérbi de futebol escaldante entre as suas duas equipas, mas cujo resultado ditará sortes distintas para ambos os emblemas. O Juventude luta para subir à segunda divisão, enquanto o Lusitano procura pontos para não descer aos distritais. O jogo será disputado no Estádio Sanches de Miranda e Filipe Abrantes, jogador do Juventude, e Paulo Sousa, pelo Lusitano, admitem a ansiedade e coincidem no depoimento prestado ao DN sport: "Vamos ganhar."

Há quatro anos ouviram-se foguetes quando o Lusitano estava matematicamente condenado a descer aos distritais. Alguns adeptos do Juventude não escondiam a satisfação por verem o rival bater no fundo, após sucessivas crises, que afectaram, sobretudo, a tesouraria deste histórico do futebol português. No domingo, os jogadores lusitanistas muito terão de se empenhar para evitarem que a festa do Juventude se faça com o duplo sabor.

"Se houver possibilidade de os esmagar, não a vamos desperdiçar. Era em grande!", comenta Álvaro Campos, um ferrenho adepto das cores juventudistas. Este prefere no entanto "respeitar" o adversário, alegando que nestas coisas dos derbies "quem está pior às vezes amanha-se. E o campeonato deles é ganhar ao Juventude de Évora".

A ansiedade é assumida pelo grupo de adeptos, junto ao bar do clube, que espera não ter surpresas desagradáveis no final dos 90 minutos. "O jogo para nós é muito sério. Os gajos vêm cá jogar à defesa e ainda lixam a malta. Admiras-te?", questiona outro adepto do Juventude, ouvindo um "vira para lá essa boca. Eles não jogam nada e a equipa está esfarrapada. Menos de três é derrota". E foguetes? "Parece que anda para aí gente com ideias, mas o futebol sem rivalidade não tem graça, porra!", remata Júlio Sertório.

O Juventude de Évora até pode nem precisar dos três pontos para garantir o segundo lugar, atrás do Lagoa, se averbar o mesmo resultado que o Amora, ou se o perseguidor directo não somar pontos, dado que está a quatro de distância. Mas atenção: os eborenses descansam na última jornada, ronda em que não pontuarão.

Uns metros ao lado, os rostos também revelam muito nervosismo. É que a época está difícil para o Lusitano de Évora. Os problemas financeiros agudizaram-se e não são raras as vezes em que corre pela cidade que o clube pode fechar as portas. A equipa mantém a cabeça abaixo da linha de água, apesar da vitória do último domingo em Serpa. É que na mesma situação estão outras formações com os mesmos pontos, mas com jogos mais acessíveis. Américo Passos, adepto do Lusitano, tem a classificação à frente e traça cenários. "Só dependemos de nós. Se ganharmos os dois jogos estamos safos, mas se perdermos com o Juventude é uma carga de trabalhos, porque o Atlético de Reguengos e o Lusitano de Vila Real de Santo António, saltam logo para a nossa frente. Mau! Era bom que perdessem os dois."

António Dias, de 76 anos, também simpatizante do Lusitano, confessa que "perder com o Juventude no domingo já é mau", quanto mais descer aos distritais. "Se pudesse mandava meter um comboio em frente da baliza. Não haviam de fazer a festa à nossa pala. Nem para lá me assomo, nem oiço o relato. A direcção que vá passar pela vergonha. Foram eles que deixaram isto chegar a este estado de miséria!"

Os últimos cincos encontros entre ambas as equipas foram pautados pelo equilíbrio. Esta época, o Juventude marcou um golo solitário já no novo estádio da (Casa do Lusitano de Évora) e arrebatou os três pontos. Agora há mais 90 minutos para jogar no domingo.

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