Deputado formaliza denúncia sobre depósito em Portugal

O deputado brasileiro Anthony Garotinho formalizou hoje à Polícia Federal a denúncia de que a ex-chefe do gabinete da Presidência em São Paulo, Rosemary Noronha, suspeita de corrupção, terá depositado 25 milhões de euros em Portugal.
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"Foi enviado hoje um ofício à Polícia Federal [no qual] relato que fui procurado por um polícia federal reformado, que me contou essa história. Eu pedi mais informações e ele disse que não poderia contar mais pelo telefone e pediu um encontro comigo, e nós nos encontrámos", afirmou o deputado à Agência Lusa, pelo telefone, de Brasília.

De acordo com Garotinho, que foi governado do Rio de Janeiro, o polícia reformado que o procurou contou que Rosemary Noronha depositou numa agência do Banco Espírito Santo (BES), na cidade do Porto, a quantia de 25 milhões de euros.

A ex-funcionária terá feito essa quantia entrar no país através de uma mala diplomática.

"O destinatário do dinheiro não é a Rosemary, ela apenas foi encarregada de transportar o dinheiro na mala diplomática", sublinhou o deputado do Partido da República (PR, na oposição), limitando-se a dizer que o destinatário da quantia era uma "alta autoridade brasileira".

"Não posso dizer [o nome do destinatário do dinheiro] até se confirmar, para não cometer crime. Mas posso dizer que é uma alta autoridade brasileira", reforçou.

Garotinho disse ainda que o polícia federal reformado que relatou os factos adiantou que não seria possível confirmar o depósito com o próprio banco e sugeriu ao deputado que procurasse informações na alfândega do Porto, onde estaria registado o número do seguro do carro que transportou a mala.

"Ele [a fonte] disse que eu não obteria informações no banco, mas que poderia - se conseguisse as datas - conseguir junto à alfândega do aeroporto do Porto, o seguro do carro que transportou o dinheiro, segundo ele, isso teria de ficar registado lá", acrescentou.

Para descobrir a data em que o depósito foi feito, o deputado encaminhou também um pedido ao Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) para obter informações sobre todas as viagens realizadas pelo ex-Presidente Lula da Silva, bem como o nome de todos os membros que compunham as comitivas.

"Hoje enviei um ofício ao Itamaraty pedindo as datas das viagens do presidente Lula e suas respetivas comitivas para poder avançar com a minha fonte nas informações. Em breve acho que vamos ter novidades [...] Estou convencendo ele [a fonte] a assumir isso [a denúncia publicamente]", avançou.

A Lusa entrou em contacto com a Polícia Federal brasileira, que ainda não confirmou a receção do ofício. O documento, de acordo com o deputado, foi endereçado ao diretor-geral da Polícia Federal, delegado Leandro Daiello Coimbra.

Numa nota, a instituição informa que "tão logo" o deputado compareça numa delegacia ou encaminhe a descrição dos factos denunciados, "será iniciada uma investigação preliminar com o fim de verificar se há justa causa para instauração de inquérito policial".

Rosemary Noronha foi exonerada do cargo na semana passada, por suspeita de envolvimento com uma máfia que falsificava pareceres técnicos de agências do Governo.

As investigações da Polícia Federal terão concluído que a ex-funcionária recebia benefícios, em dinheiro ou em forma de "favores", como viagens e inclusive uma cirurgia plástica, sempre que favorecia o grupo.

O esquema veio à tona durante a operação Porto Seguro, desencadeada no dia 23 de novembro, pela Polícia Federal.

Durante a ação, foram presos os diretores da Agência Nacional de Águas (ANA) e da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

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