No início de maio de 2011 uma foto correu mundo. Retratava um dos momentos da operação desencadeada por forças especiais dos EUA para capturar Bin Laden e mostrava Barack Obama, então presidente dos Estados Unidos, e a sua equipa a assistirem às imagens da operação em tempo real. Para que essas imagens chegassem à sala de crise onde se acompanhava a operação foi necessário não só as indispensáveis câmaras nos capacetes dos soldados, mas também uma complexa, fiável e segura rede de comunicações militares, que vai desde o material usado no terreno até à rede de satélites..As comunicações sempre foram determinantes para o sucesso de operações militares, quer elas se desenrolem em tempos de guerra ou de manutenção da paz. Contribuem para a proteção individual dos soldados e têm de responder a elevados padrões de exigência ao nível da segurança e da confidencialidade. Exige trabalho qualificado de engenharia, ajustamento perante as necessidades de segurança e robustez para resistirem a todas as condições climatéricas e em todos os tipos de terreno..Portugal é um país onde as comunicações militares têm história. O país desenha, produz, fornece e suporta sistemas de comunicação para defesa que estão presentes em várias dezenas de forças armadas de todo o mundo. Esta é uma área onde recursos humanos qualificados têm vindo a construir uma sólida reputação internacional em domínios que exigem investimentos consideráveis em investigação e desenvolvimento e num sector onde empresas privadas se articulam com o sector público com o objetivo de promover know-how e soluções portuguesas..Os sistemas de comunicação para defesa promovem uma cadeia de valor que vai além dos fornecedores, promovendo também o talento no desenvolvimento, produção e testes de material altamente sofisticado. Integram um sector, o das indústrias de defesa portuguesa, que tem vindo a aumentar o seu peso na economia nacional, principalmente nas exportações. Segundo dados da idD Portugal Defence, a economia de defesa exporta mais de 60% do que produz, atingindo um valor de 2.619M€..A mesma entidade refere que a economia de defesa em Portugal assenta em capital humano muito bem preparado, com um elevado nível de educação e formação, que se reflete numa produtividade e em salários que estão muito acima da média nacional (valores de 2019) - o salário médio mensal é quase duas vezes superior à média das empresas portuguesas. Nas empresas da economia de defesa o investimento em investigação e desenvolvimento em percentagem do volume de negócios é de 4% (0,7% nas empresas portuguesas em geral)..Tecnologia, emprego qualificado e exportação são o triângulo estratégico da economia de defesa em Portugal e que tem no segmento dos sistemas de comunicação de defesa um dos seus principais ativos. Para continuar a ser uma referência nos mercados nacional e internacional teremos de promover continuamente a excelência dos nossos recursos humanos, reconhecendo o talento e qualidade das várias "disciplinas" que se cruzam no desenvolvimento das comunicações de defesa..Será uma forma de promover a capacidade do país na conceção, desenvolvimento e produção de sistemas não letais e indispensáveis para o teatro de operações onde hoje as forças militares e de segurança são amplamente usadas: as operações de manutenção de paz..* CEO da EID