Deco vai ser o patrão do futebol do Barcelona e já está a trabalhar a fechar reforços

O antigo internacional português, que brilhou nos catalães entre 2004 e 2008 e entretanto tinha-se tornado agentes de jogadores, foi eleito pelo presidente Joan Laporta e terá a última palavra em tudo o que diz respeito à equipa.
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O ex-internacional português Deco será oficializado em breve como o novo homem forte do futebol do Barcelona, com funções de diretor desportivo e responsável por tudo o que diga respeito a contratações e saídas do gigante espanhol que se sagrou campeão esta temporada. O anúncio está por dias, apenas dependente do encerramento definitivo da sua agência de representação de futebolistas, a D20 Sports, no sentido de não existir nenhum tipo de conflitos de interesses com o novo cargo.

Inicialmente foi noticiado que o antigo jogador do clube catalão entre 2004 e 2008 poderia exercer funções de secretário técnico, substituindo Jordi Cruyff, mas o jornal Sport garantiu na sua edição de ontem que as funções de Deco serão de muito mais responsabilidade e abrangentes, assumindo um papel fundamental em tudo o que diga respeito a temas relacionados com a equipa principal de futebol treinada por Xavi Hernández, que, recorde-se, se sagrou campeã espanhola este mês.

Deco será assim mais um português com um cargo de relevo na estrutura do futebol de um gigante europeu, seguindo os passos de Luís Campos, no Paris Saint-Germain, e de Tiago Pinto, na AS Roma treinada por José Mourinho. Esta será a sua primeira experiência como executivo de um clube, depois de nos últimos anos se ter dedicado ao agenciamento de jogadores, tendo até colocado Raphinha no Barcelona.

O luso-brasileiro, que em Portugal brilhou ao serviço do FC Porto, irá trabalhar em estreita colaboração com o até agora diretor desportivo Mateu Alemany, e com o secretário técnico Jordi Cruyff. Mas, garante o Sport, será ele o número um, responsável por todas as decisões relacionadas com a equipa de futebol. Um verdadeiro patrão dos catalães.

Será o antigo internacional português a decidir tudo o que esteja relacionado com contratações, vendas e cedências de jogadores, obviamente em consonância com o treinador Xavi Hernández, de quem foi colega de equipa e com quem mantém uma excelente relação. Deco ficará responsável pelos primeiros contactos com futuros reforços e empresários. Só depois entrará em ação Mateu Alemany, na altura de concluir as negociações, até porque o dirigente espanhol é um profissional especialista em fair play financeiro.

Deco é uma aposta pessoal do presidente Joan Laporta e vai integrar o círculo restrito presidencial. Une-os uma grande amizade e respeito desde os tempos em que o luso-brasleiro espalhava magia com a camisola 20 dos catalães. Laporta, aliás, sempre confiou na competência de Deco, que desde o início do mandato do atual presidente o aconselhava em vários temas relacionados com contratações.

E apesar de ainda não ter sido ainda oficializado no novo cargo, já se encontra a trabalhar nas oficinas do Barcelona e a tratar dos primeiros dossiês: a contratação de Gundogan, que vai deixar o Manchester City em final de contrato, e do jovem turco Arda Güler ao Fenerbahçe. Este último é pretendido por vários tubarões europeus, entre eles o rival Real Madrid, e também chegou a ser associado ao Benfica.

O mágico, como ficou conhecido no FC Porto, representou o Barcelona como jogador durante quatro temporadas, entre 2004 e 2008, atuando ao lado de craques como Messi, Xavi, Iniesta, Ronaldinho Gaúcho, Puyol, Eto"o, entre outros. Na Catalunha conquistou duas ligas espanholas (2004-05 e 2005-06), uma Liga dos Campeões (2005-06) e duas Supertaça de Espanha (2005 e 2006).

Depois de deixar o futebol, Deco, que terminou a carreira no Fluminense, do Brasil, em 2013, tornou-se empresário de jogadores, numa primeira fase a trabalhar com Jorge Mendes, e depois abrindo a sua própria agência. "Acho que levei uns dois anos para perceber o que queria fazer no pós-carreira, porque além do talento tem de se ter capacidade. Quando eu parei de jogar uma das coisas que eu tinha claro é que não tinha muita vontade de treinar, ser treinador. Sempre gostei da parte da gestão da carreira do jogador e sempre vi isso como uma possibilidade. Podia ter seguido a gestão de clubes, mas fui ficando a ajudar o Jorge Mendes (empresário)...", contou ao DN em 2019, tendo depois fundado a sua própria agência, a D20 Sports.

Da sua carteira de futebolista faziam parte, entre outros, Raphinha (que negociou para o Barcelona), Tiquinho Soares (ex-FC Porto agora no Botafogo), Tabata (ex-Sporting e hoje no Palmeiras), Fabinho (Liverpool) entre outros, incluíndo vários jogadores jovens que atuam em Portugal.

Gorada a possibilidade do regresso de Lionel Messi, que assinou pelos norte-americanos do Inter Miami, o Barcelona ainda vive momentos complicados em termos de tesouraria, na sequência de uma situação fnanceira muito difícil herdada da gestão anterior. Além disso está sujeito a um apertado critério de fair-play financeiro decretado pela Liga espanhola (por cada 100 milhões ganhos em vendas, só podem gastar 40 em contratações), que não lhe permite entrar em grandes loucuras. Por isso, a ideia passa por equilibrar o plantel e acrescentar qualidade com reforços pontuais.

O clube catalão, que bateu o rival Real Madrid na luta pelo título espanhol, já perdeu entretanto dois jogadores históricos neste final de temporada. O médio Sergio Busquets, que se vai juntar a Messi no Inter Miami, e o defesa Jordi Alba, que já anunciou a sua saída mas está ainda sem clube.

nuno.fernandes@dn.pt

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