Debate eleitoral perdeu para um jogo de futebol

Dilma Rousseff esteve nervosa no início do confronto televisivo entre candidatos à presidência, mas recuperou face a José Serra.
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Nem Dilma Rousseff nem José Serra. O primeiro debate entre os candidatos à presidência do Brasil, transmitido pela TV Bandeirantes na noite de quinta-feira (madrugada de ontem em Lisboa), evitou os temas polémicos e nenhum dos intervenientes se destacou. A haver um vencedor na noite foi o jogo de futebol da Taça dos Libertadores (entre São Paulo e Libertadores), cuja transmissão na TV Globo teve sete vezes mais telespectadores.

A ex-ministra da Casa Civil começou o frente-a-frente mais nervosa - não é de estranhar, já que era o seu primeiro debate, nunca tendo antes sido candidata a um cargo electivo. Mas, à medida que o tempo foi passando, Dilma Rousseff ganhou terreno face ao experiente ex-governador de São Paulo.

A candidata do Partido dos Trabalhadores (PT) optou por atacar a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que Serra é sucessor no Partido da Social Democracia Brasileira. Este disse que não devia passar-se o tempo a "olhar pelo retrovisor", tendo Dilma respondido não achar "prudente esquecer o passado".

A ex-ministra só citou Lula - o mentor e principal impulsionador da sua candidatura - quando já tinha passado mais de uma hora do debate, tendo antes disso usado a palavra "nós" para se referir aos resultados positivos do actual Governo. Por seu lado, Serra não usou todos os seus trunfos, deixando de lado, por exemplo, as acusações que têm vindo a ser feitas de que o PT teria ligações à guerrilha das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia.

Os dois principais candidatos não estavam sozinhos no palco. A aposta do Partido Verde, a ex-senadora Marina Silva, acabou por não se destacar, face à presença de Plínio de Arruda - que como ela pertenceu ao Partido dos Trabalhadores. Primeiro porque o candidato do Partido Socialismo e Liberdade, de 80 anos, usou do humor e ironia para criticar os rivais - chamou Serra, ex-ministro da Saúde, de "hipocondríaco" porque insistiu neste tema; depois por ser um candidato com propostas de extrema-esquerda, tirou espaço à ex-senadora e beneficiou, segundo os analistas, Dilma Rousseff.

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