É o holandês mais conhecido dos portugueses. É certo que há muitos mais a viver em Portugal, mas Piet-Hein Bakker tornou-se "o" mais famoso quando se mudou, em 1994, para este pequeno país à beira-mar plantado, e abriu, com Joop van den Ende e John de Mol, a Endemol Portugal, uma das produtoras que revolucionaram a criação de programas de televisão, numa altura em que as privadas ainda estavam a dar os primeiros passos. .A Endemol produziu alguns dos programas mais pioneiros em Portugal, quase todos líderes de audiências. Inicialmente, para a SIC e a TVI, e depois para a RTP, entre os quais se destacam os concursos Chuva de Estrelas, Big Brother ou Masterplan, a série Médico de Família, ou a gala Globos de Ouro. .Actualmente, na CBV Produções Televisivas, produtora criada em 2008, com Pedro Curto e Vasco Vilarinho, todos vindos da Endemol, foi responsável por programas como Operação Triunfo ou Dança Comigo, entre outros. .Ao mesmo tempo que o seu trabalho ia suscitando estranheza, choque, riso ou agrado dos portugueses, e com isso a fama que lhe deu o título de "patrão da Endemol", a sua vida pessoal ia ganhando forma e fama também. .Casou-se em 1996 com uma das actrizes mais queridas dos portugueses, Alexandra Lencastre, de quem teve duas filhas - Margarida (15 anos) e Catarina (13). O feito deu-lhe outro título: "marido da Alexandra Lencastre", de quem se divorciou em 2003. .Mas a consistência do seu trabalho, juntamente com o facto de se ter casado pela segunda vez (2007) com Patrícia Silva, de quem tem duas filhas, Rita (quatro anos) e Mónica (três anos), pesaram muito para ser considerado um verdadeiro português. Isso mesmo transparece no livro Ladrão de Bicicletas, que publicou em 2006 e em que explica o que lhe passou pela cabeça quando chegou a Portugal. Revelou: ladrões de bicicletas porque na juventude, com um amigo, roubava bicicletas em Amesterdão, arranjava-as e vendia-as para ter uns trocos..Filho de um juiz, Jaap Bakker, Piet-Hein teve uma infância extremamente afectada pela morte da mãe, aos sete anos, Irma Bakker. Sem espaço para lamentações, este jovem viveu uma fase difícil entre os 12 e os 16 anos. Chumbou um ano, o ano da solidão, o ano em que a irmã saiu de casa, o irmão mais velho fugiu de casa, ficando com o mais pequeno. .Foi viver três meses para Paris, cortando totalmente com a família, mas o facto de ter chumbado o primeiro ano de Direito fez o pai aproximar-se. Acabou o curso e foi trabalhar para uma empresa relacionada com a televisão e não para um escritório de advogados como tanto temia..Estudou Direito, mas queria ser actor por causa, segundo confessa, do dinheiro e do glamour. Na escola sempre fez coisas relacionadas com teatro. .Aos 18 anos, quando informou o pai de que tinha entrado no conservatório de Maastricht, este perguntou-lhe: "Achas que vais ser um dos melhores actores da Holanda?" Resposta de Piet-Hein: "Não!" E a conclusão paterna: "Estás a ver-te daqui a dez anos, pobre, sem o reconhecimento de ninguém, a viver em condições de vida péssimas?".Mas veio parar à televisão. "Coitado do meu pai... Somos três filhos do primeiro casamento, e estamos todos a trabalhar em televisão. A sua ideia era: quem tem jeito para matemática vai para medicina; quem tem jeito para letras vai para direito. Os outros cursos são um luxo."