Da capoeira ao funaná, as energias positivas do Surf Fest

Voltam hoje os concertos ao Caparica Primavera Surf Fest, com Freddy Locks, Jay & Bandidos e Virgul. As noites na praia do Paraíso têm reggae, hip-hop e afro como banda sonora
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Nem só de surf (e skate) nem de música vive o Caparica Primavera Surf Fest. Prova disso foi o encontro, na terça-feira, de Virgul e de Jay Moreira numa roda de capoeira. Será difícil encontrar maior símbolo de mestiçagem e de celebração de amizade que este para o arranque da segunda ronda de concertos do festival. Virgul conta que praticou aquela manifestação desportivo-cultural "enquanto jovem" ali mesmo, na praia do Paraíso, "onde a malta da capoeira se juntava". Se "o galo é o dono dos ovos", como cantava Sérgio Godinho, Jay Moreira é dono da capoeira. Iniciou-se há 20 anos, manteve-se no ativo e hoje dá aulas na Noruega, país para onde foi viver há cerca de uma década.

A experiência não podia estar a correr melhor: "Conheci a Noruega de alto a baixo à custa da capoeira." Para a roda de capoeira se realizar em toda a dignidade, Jay trouxe o seu professor, mestre Tucas, do Grupo União na Capoeira. Virgul aceitou o desafio "para tentar que a ferrugem saia e para estar em forma na quinta-feira [hoje]". Está dado o mote para as três noites que se avizinham na tenda do festival - e fica no ar a expectativa de que Jay e Virgul se reencontrem em palco, com mais ou menos movimentos.

Hoje é o cabo-verdiano o primeiro a subir ao palco, uma estreia em festivais portugueses. O que esperar de Jay & Bandidos? "O meu espetáculo é uma mistura de reggae e de hip-hop e como a banda é norueguesa tem um toque de rock. Vou cantar em crioulo, que é a base, em português e em inglês. Quero que as pessoas sintam a fusão e que no fim do espetáculo tenham recebido as energias positivas." Mensagem semelhante, a de Virgul. O antigo músico dos Da Weasel e Nu Soul Family, que lançou há dias o single Rainha, o terceiro em nome próprio, explica porquê: "Os espectadores podem esperar o que Virgul gosta de fazer. Ou seja, gosto de trabalhar em estúdio, mas adoro estar ao vivo, gosto de dar concertos superenvolventes. Além disso, sou filho da terra, vou estar em casa, por isso também acredito que vá ser um grande concerto." E como argumento final revela que atuar no Caparica Primavera Surf Fest é "um sonho tornado realidade". Conhecedor do festival - nesta edição foi ver Diogo Piçarra e April Ivy na primeira noite -, afirma que é uma "feliz combinação" a complementaridade dos desportos com os espetáculos". Além da capoeira, Virgul também domina as ondas? Isso é que não. "Admito que não sou muito de água, procuro água mais quentinha no Algarve."

Entre Jay e Virgul, cabe a Freddy Locks levar os sons do reggae roots à Caparica. De seu nome Frederico Oliveira, o lisboeta do bairro de Alvalade lançou o segundo álbum no ano passado, Overstand. Num vídeo postado no Facebook, o artista mostra-se ansioso pelo concerto ("a contar os dias") e promete fazer uma festa. Por fim, após a atuação de Virgul, é hora de mais batidas por minuto com o DJ Djeff Afrozila e o seu house com afro roots.

A sexta-feira está reservada para os fãs de hip-hop e o sábado para os amantes da música africana. Regula ultima o lançamento de novo álbum, Ouro sobre Azul, e em consequência vai apresentar um espetáculo com novidades. Se "Dom Gula" é o cabeça-de-cartaz do feriado e um nome já estabelecido na nova geração de hip-hop, Valas e Holly Hood estão a conhecer o sabor dos primeiros sucessos no YouTube.

O festival despede-se, no que à música diz respeito, no sábado, em festa total: o afro-baile de Celeste/Mariposa, o afro-pop e kizomba de Djodje (que esgotou o Coliseu dos Recreios há um mês) e o funaná de Ferro Gaita. Energias positivas, como as que Jay Moreira quer transmitir. E o público parece querer receber: os passes esgotaram, restam os bilhetes diários.

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