"O secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, informou hoje a Comissão de Trabalhadores da Lusa (CT) que as restrições impostas ao orçamento da empresa para 2017 se aplicam a toda a administração pública, 'sob pena de o país cair num novo resgate'", lê-se num comunicado da CT da Lusa, hoje divulgado..O Plano de Atividades e Orçamento (PAO) para 2017 da agência Lusa foi aprovado na semana passada pelos acionistas, mas o Estado impôs uma redução de quase meio milhão de euros em fornecimentos e serviços externos e gastos com pessoal.."Face à decisão irredutível, comunicada em reunião pedida pela CT com caráter de urgência, e à ausência de perspetivas para o futuro, a CT entende que os trabalhadores devem pronunciar-se em plenário, a agendar para a próxima semana", afirmou a CT em comunicado, que adianta ainda que vão ser pedidas audiências aos grupos parlamentares por considerar que a posição transmitida pelo governante "é preocupante e não serve os trabalhadores da Lusa"..No documento, a CT da Lusa refere que na reunião com o secretário de Estado "lamentou a falta de perspetiva para a empresa sair do plano da mera sobrevivência e da incógnita", e afirma que a agência "parece continuar na era da 'troika'".."O secretário de Estado justificou que as restrições são transversais a todas as empresas, o que continua a traduzir-se numa total falta de perspetivas para a Lusa e os seus trabalhadores", afirma a CT no comunicado..Na reunião com a comissão de trabalhadores, Álvaro Novo, citado pelo comunicado dos representantes dos trabalhadores da agência, disse que "há uma necessidade de o país ganhar uma margem de segurança para não voltarmos a cair em défices excessivos".."Estamos melhor, mas não estamos numa situação de podermos expandir-nos sem limitações", disse o secretário de Estado do Tesouro à CT..Numa carta aberta partidos representados no parlamento, a CT apelou, a 08 de junho, "para se envolverem no esclarecimento das condições em que foi aprovado o Plano de Atividades e Orçamento da agência para 2017"..Na sequência da aprovação do PAO para 2017 da agência Lusa, o Sindicato dos Jornalistas (SJ) instou o Presidente da República, o primeiro-ministro, o ministro da Cultura e os partidos com assento parlamentar a esclarecerem o país "sobre o serviço público que consideram que a agência Lusa deve prestar"..O Bloco de Esquerda entregou no Parlamento uma pergunta ao ministro da Cultura, que tutela a comunicação social, sobre os cortes de quase meio milhão de euros impostos à agência..A presidente do Conselho de Administração da Lusa, Teresa Marques, informou a Comissão de Trabalhadores de que o Plano de Atividades e Orçamento (PAO) para 2017 foi aprovado em assembleia-geral realizada na segunda-feira, seguindo-se uma declaração de voto por parte do representante do Estado a impor uma despesa inferior à orçamentada em duas rubricas relacionadas com o pessoal, a menos que a empresa conseguisse aumentar as receitas próprias a um nível muito pouco provável de alcançar, tendo em conta o contexto do mercado"..A aprovação do PAO foi adiada por duas vezes, a segunda das quais no início do mês, por o Governo ter pedido mais tempo para analisar o documento. A primeira ocorreu em 27 de março..O Estado Português é o principal acionista da Lusa, com 50,14% do capital, encontrando-se o restante capital dividido da seguinte forma: 23,26% do grupo Global Media, 22,35% do grupo Impresa, 2,72% da NP -- Notícias de Portugal, 1,38% do Público, 0,03% da RTP, 0,01% de O Primeiro de Janeiro, S.A., e 0,01% da Empresa do Diário do Minho, Lda.