Cruzada de Bannon pela Europa: o que se vive em Itália "vai mudar a política global"

Ex-estratega de Trump anda pela Europa a promover a sua fundação sediada em Bruxelas. O Movimento, como se chama, pretende aconselhar partidos populistas, de direita e de esquerda, antes das eleições europeias de maio de 2019. Bannon saudou o governo de união entre Liga e 5 Estrelas
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Para Steve Bannon, Itália é "o centro do universo político. Em declarações ao Politico, o ex-estratega de Donald Trump e co-fundador do Breitbart News considerou o governo de coligação entre o Movimento 5 Estrelas, de Luigi Di Maio, e a Liga de Matteo Salvini como "uma experiência que, se funcionar, vai mudar a política global.

Bannon está em digressão pelas várias capitais europeias para promover O Movimento, uma espécie de fundação sediada em Bruxelas e que pretende aconselhar os partidos populistas europeus, de esquerda ou de direita, antes das eleições europeias de maio de 2019.

Para o ex-estratega do presidente americano a união improvável entre o 5 Estrelas, um partido populistas nascido como paladino da democracia direta e anti-euro, e a Liga, nascida Liga Norte por defender a independência do Norte de Itália e anti-imigração, é o melhor exemplo de que o populismo pode unir esquerda e direita. "Um partido populista com tendências nacionalistas como o 5 Estrelas, e um partido nacionalista com tendência populistas como a Liga... é imperativo que isto funcione porque revela um modelo para as democracias industriais da América à Ásia".

Criado em janeiro e apresentado por Bannon como uma associação sem vínculos rígidos entre pessoas e não entre partidos, o Movimento tem sido até agora recebido com alguma cautela pela direita europeia.

Di Maio hesitante

E se a Liga de Salvini já se juntou a Bannon, o 5 Estrelas de Di Maio estará hesitante. Segundo o Politico, o americano esteve reunido com Di Maio este sábado em Roma e terão tido um "diálogo construtivo". Mas a verdade é que a ideologia de extrema-direita que Bannon advoga desde os seus tempos no Breitbart não encontra correspondência direta do populismo mais de esquerda do 5 Estrelas.

Ora até agora sabe-se que Bannon procurou arregimentar sobretudo partidos da extrema-direita europeia - da Frente Nacional da francesa Marine Le Pen, à Alternativa para a Alemanha (AfD). Mas também abordou os nacionalistas cristãos do Fidesz de Viktor Orbán na Hungria. Uma companhia que alguns dirigentes do 5 Estrelas temem poder afastar a sua base de apoio.

Mas na sua passagem por Roma, Bannon teceu elogios aos dois parceiros da coligação governamental. "Em todo o mundo não vão encontra dois políticos que trabalhem tanto como Salvini e Di Maio, sem receber um tostão, conduzindo os seus partidos a vitórias incríveis apenas para recuarem e deixarem outra pessoa ir ao G7, ao G20 ou sentar-se na Sala Oval com Trump. Mais ninguém faria isso", afirmou Bannon, referindo-se a Giuseppe Conte, o professor de Direito que 5 Estrelas e Liga acordaram para assumir a chefia do governo de Itália.

Exportar o modelo italiano

O estratega americano espera exportar o modelo italiano de união entre populistas de esquerda e de direita para os EUA e para o Reino Unido. E lembrou que o segredo está em "fazer compromissos".

No sábado passado, Bannon discursou em Atreju, na conferência anual do partido neofascista Irmãos de Itália. Sob os aplausos dos presentes, o estratega garantiu que Trump, brexit e o resultado das eleições italianas estão interligados. Todos eles revelam como os americanos, os britânicos e os italianos rejeitam "a forma como as coisas estavam".

De Roma, Bannon seguiu para Praga e Budapeste. A cruzada continua.

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