Os observadores, divididos em dois grupos, foram nomeados pela Agência Mundial Antidopagem (AMA). A presença destas equipas no Tour para acompanhar a operação antidoping é comum, mas neste ano teve uma importância acrescida: a ruptura entre a União Ciclista Internacional (UCI), responsável pelos controlos, e a Agência Francesa de Luta Contra a Dopagem (AFLD) obrigou à AMA a fazer o papel de transmissor das informações obtidas pela AFLD junto de autoridades policiais e aduaneiras..No seu relatório, os observadores não apontam qualquer erro ou falha grosseira, mas salientam que os controlos devem ser menos previsíveis, quer nos momentos escolhidos para os realizar, quer no tipo de análises a que são submetidas as amostras colhidas em diferentes momentos das etapas..Para a equipa independente, os controlos concentraram-se demasiado nas primeiras horas da manhã ou no final do dia, o que levava os corredores a preverem que só os melhores de cada etapa ou da classificação seriam testados ao longo do dia. Os observadores sugerem mesmo mais agressividade, com a possibilidade de a UCI realizar alguns testes durante a noite, de modo a que os ciclistas batoteiros não pensem que naquele período podem recorrer à dopagem sem serem apanhados. Uma sugestão que poderá levantar muita discussão, pois os corredores já consideram que o facto de terem de estar disponíveis para serem controlados das 6:00 às 23:00 representa uma invasão da sua vida privada..Os próprios testes surpresa eram previsíveis. Os ciclistas já esperavam que os controlos fossem feitos antes das etapas mais difíceis ou em dias de descanso, pois a UCI deu pouca importância às tiradas menos difíceis e propícias a roladores e "sprinters". Além disso, os ciclistas sob fortes suspeitas raramente eram sujeitos a controlos direccionados e as informações do laboratório sobre indícios suspeitos eram tidos em conta tardiamente na planificação antidopagem. Num dos casos o corredor não chegou sequer a ser alvo de controlos surpresa durante o período pré-competição, de Abril a Julho..Além da previsibilidade, as equipas também conseguiam saber, pelo menos com alguns minutos de antecedência, quando iam ser visitadas. "Em duas ocasiões, os observadores puderam ver claramente duas pessoas a vigiar o parque [de estacionamento do hotel] a partir das suas janelas, meio escondidas pelas cortinas, assim como um membro da equipa à entrada do hotel, que de imediato usou o seu telemóvel", descreve o relatório, sugerindo chegadas mais discretas aos locais onde pernoitam as equipas.