Conselho Popular dita sucessão de Niazov

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O Conselho Popular do Turcomenistão deve reunir-se amanhã para fixar a data e as modalidades da eleição presidencial, após a morte do todo-poderoso Chefe do Estado Saparmurat Niazov, que não designou delfim, deixando assim em suspenso o futuro político do país.

A presença de vários candidatos no eventual escrutínio seria uma absoluta inovação nesta ex-república soviética da Ásia Central. Niazov foi eleito e viu depois o seu mandato prolongado por sucessivos referendos - em 1990, 82 e 94 -, obtendo votações próximas dos cem por cento, antes de se fazer nomear presidente vitalício em 1999.

A reunião dos 2500 membros do Conselho Popular, assembleia criada em 1992 tomando como inspiração os Conselhos de Anciãos das tribos turcomenas, ocorrerá num país em luto até dia 30.

O homem que se fazia chamar Turkmenbachi (líder de todos os turcomenos) e que foi sepultado no domingo, em grande pompa, durante uma cerimónia que misturava tradições muçulmana, soviérica e militar, disse publicamente desejar que o seu sucessor fosse eleito numa votação na qual deveriam participar "pelo menos três candidatos".

Niazov, que pôs em marcha, em 21 anos de poder de um dos regimes mais opressivos e opacos do mundo, baseado num delirante culto da personalidade, eliminou sistematicamente qualquer forma de oposição e foi despedindo, à vez, os seus ministros, até à morte, que sobrecveio aos 66 anos.

Justamente após a sua morte, o Conselho de Segurança do Estado apressou-se a nomear Presidente interino um vice-primeiro-ministro, Gurbanguly Berdymukhammedov. A Constituição previa que as funções fossem confiadas ao presidente do parlamento, mas este, na mais pura tradição soviética das purgas, foi preso sob acusação de ter levado a noiva do filho ao suicídio.

De acordo com a lei fundamental, o Presidente interino não pode apresentar-se como candidato, mas esta limitação pode ser afastada pelo Conselho Popular.

*Jornalista da AFP

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