Concorrentes criticam forma de avaliação

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Os consórcios preteridos no concurso para a construção e exploração dos centros para tratamento de resíduos industriais perigosos (Cirver) acusam a comissão de avaliação de falta de transparência e afirmam que o processo possui "contradições, incorrecções e inconsistências". Os concorrentes já apresentaram as suas alegações e esperam agora uma "avaliação mais justa e sustentada". Se isso não acontecer podem avançar com uma providência cautelar.

"Consideramos que o relatório inicial não é justo, pois não é baseado numa matriz de avaliação e comparação", afirmou José Manuel Palma, representante de um dos concorrentes afastados. "Mais do que uma mudança no resultado do vencedor queremos agora ver uma avaliação justa e sustentada deste processo", acrescentou, afirmando, contudo, que o consórcio seleccionado - o grupo Mello - não é o portador da melhor proposta para o sistema.

Os representantes destas empresas já pediram uma audiência ao ministro do Ambiente mas Nobre Guedes remeteu explicações para a comissão de avaliação.

O presidente da comissão de avaliação, Pedro Serra, disse há dias ser "ridícula" a estranheza manifestada pelos consórcios relativa à rapidez com que foi feita a avaliação dos concorrentes.

A intenção de José Sócrates de avançar com a co-incineração caso vença as eleições não preocupa os concorrentes aos Cirver. "Pode haver ajustamentos ao processo mas não se pode desistir completamente de uma opção e apostar 100% noutra", considera José Manuel Palma. A opção pode passar por uma solução integrada.

Contexto. Os centros integrados de recuperação, valorização e eliminação, mais conhecidos por Cirver, são sistemas que apostam na selecção e reciclagem e no tratamento dos resíduos industriais perigosos. Estes centros, que colhem a aprovação dos ambientalistas, possuem várias unidades onde se processam diversas operações unidades de classificação, de estabilização, de tratamento de resíduos orgânicos, de valorização de embalagens contaminadas, de descontaminação de solos e de tratamento fisico-químico. No final do processo, há sempre uma fracção de resíduos que não é passível de ser tratada e tem de ser enterrada ou exportada. Em Novembro, Nobre Guedes disse no Parlamento que a construção dos Cirver não arrancaria antes de 2006, pelo que a sua entrada em funcionamento só poderia realizar-se em 2007. Prazos que deitariam por terra a ambição do Governo de resolver, no seu mandato, o problema dos resíduos industriais perigosos. As propostas concorrentes para a construção dos centros foram apresentadas em Janeiro e a aprovação foi apontada pelo ministro para os quatro meses depois, em Maio. Afinal, a decisão chegou três meses antes e resume-se apenas a um sistema, a construir na Chamusca.

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